O Colégio Luterano Concórdia, em São Leopoldo, está funcionando como abrigo desde o sábado (5), devido às inundações que atingiram o município e todo o Estado. De acordo com o diretor André Luis Bender, a instituição começou abrigando idosos que vinham de outros abrigos, e, posteriormente, foi abrindo também para pessoas que receberam alta do Hospital Centenário, incluindo recém-nascidos, gestantes, puérperas e crianças que tiveram alta da pediatria hospitalar. O diretor informa que o abrigo possui, ainda, quartos especiais para idosos e mulheres gestantes, puérperas ou com filhos.
Uma dessas pessoas é a faxineira Aline Lopes Martim, de 29 anos, moradora da Vila Brás, no bairro Santos Dumont. Ela conta que, ao ver sua casa prestes a ser alagada, primeiro foi para a casa de uma amiga, em outro ponto no mesmo bairro. Com a filha de sete meses a tiracolo, Isis Lopes Martim, ela precisou sair de lá também, pois também alagou.
De lá, foi para a casa de sua tia, ainda no Santos Dumont, mas o local também foi alagado depois. Em seguida, Aline foi para um abrigo na Scharlau, mas precisou ser realocada à Universidade Feevale devido à falta de vagas no espaço. Para seu azar, a Universidade teve que fechar seu acolhimento devido ao fato de Novo Hamburgo não ter realizado um decreto de calamidade pública. Só então ela chegou ao abrigo de Concórdia.
Aline encerra seu relato solicitando apoio para conseguir recuperar seu lar após a enxurrada. “Estou precisando muito de ajuda para reconstuir um canto para mim e para minhas quatro filhas. Minha casa era na Brás e foi arrastada”, pede a faxineira.
A auxiliar de cozinha Jéssica Daiane Motta Almeida, de 23 anos, mora no bairro Santos Dumont. Com três filhos pequenos e grávida de sete meses, ela havia perdido sua mãe há um mês e, agora, enfrenta sozinha a situação. Acolhida há três dias no Concórdia, ela havia ficado oito dias no Bigornão. “Falei para eles que eu não aguentava muito a bagunça, eu não conseguia dormir. Além disso, um homem da polícia me contou sobre um caso de estupro que aconteceu lá. Lá estava horrível”, diz, com a voz rouca e baixa devido a um resfriado. “Eu estava trabalhando com a minha tia quando minha casa inundou, e fomos para a casa da minha avó. As pessoas mandavam fotos da minha casa, a água estava até o teto. Minha mãe havia morrido há um mês e a casa ficou para mim”, prossegue.
O diretor André explica que, para ter acesso a roupas, alimentação, medicações e atendimento médico, é necessário apenas que os acolhidos peçam. “São muitas pessoas, então as pessoas precisam vir dizer para a gente. Mas estamos recebendo muitas doações, tanto que ficamos lotados e, recentemente, tivemos que começar a dizer não”, disse. “Além disso, temos sempre uma unidade de saúde volante (móvel) aqui para atender à população. Há uns dias atrás, conseguimos também uma cadeira de rodas, que arrebentou. E então conseguimos outra”, finalizou.
Créditos do texto/imagem: Portal ABC Mais.