Entre Dunas Altas e Tramandaí, uma cena forte foi gravada: 130 pinguins foram encontrados mortos na beira da praia em um único dia, nesta quinta-feira (27). E essa não é a primeira vez.
Durante a semana passada, foram encontrados 100 entre Torres e Imbé. Apesar de ser uma cena forte e triste, não há nada de anormal. Isso porque este é um comportamento típico para a época no litoral norte do RS, explica Maurício Tavares, biólogo do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), durante o vídeo.
O monitoramento é feito desde 2017 pelo Museu de Ciências Naturais (Mucin) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que faz parte do Ceclimar. No total, 140 quilômetros são monitorados, entre Imbé e Torres, Tramandaí e Palmares do Sul.
Por que estão morrendo tantos pinguins no litoral norte? Em um dia, 130 são encontrados sem vida.
Ceclimar encontrou 130 pinguins mortos em um único dia entre Dunas Altas e Tramandaí.
Créditos: Mucin/Ceclimar pic.twitter.com/H2UhQv1cnj
— Jornal NH (@jornalnh) June 28, 2024
Todos os anos, “milhares de tetrápodes marinhos (aves, mamíferos e tartarugas marinhas) são encontrados mortos entre Torres e Dunas Altas”, afirma o Ceclimar. Isso também é visto no litoral sul do RS.
A grande maioria dos animais encontrados morreram de causas naturais, como os pinguins-de-magalhães e lobos-marinhos-do-sul, “ambos jovens de primeiro ano de vida”. Também são encontrados espécimes que morreram acidentalmente pela pesca, como é comum no caso de tartarugas marinhas.
“O aparecimento das carcaças desses animais em nosso litoral é muito comum e segue padrões bem definidos ao longo das estações do ano”, explica. Os pinguins, assim como os lobos-marinhos, costumam aparecer entre o outono e a primavera, e o pico destes encontros é no inverno.
“Já as tartarugas e toninhas ocorrem durante todo o ano, com poucos registros no inverno e grande aumento de registros na primavera e verão.”
Não! Como foi explicado antes, é um comportamento típico para a época do ano e o aparecimento deles é completamente normal. Ainda, Tavares afirmou que todos os animais encontrados estão sendo monitorados.
Ainda que seja visto como uma cena trágica pela população, as carcaças dos animais marinhos nas praias são, na verdade, uma importante fonte de matéria orgânica para a vida no local. Elas acabam servindo de alimento para muitos animais, como urubus, gaviões e até pequenos invertebrados.
Por isso, é importante que os animais mortos não sejam retirados da orla. “Embora esteticamente não seja agradável ver um animal morto, este é um processo natural em nosso litoral que ocorre a décadas para várias espécies, e em alguns casos, há centenas de anos”, diz.
Créditos do texto/imagem: Portal ABC Mais.