Dois trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão doméstica em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, após uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os homens, encontrados em um alojamento precário sem portas, banheiro ou iluminação elétrica, relataram que as promessas de salário feitas pelo empregador não foram cumpridas.
A operação, que contou com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Polícia Civil, ocorreu em 16 de julho e foi mantida em sigilo até que os trabalhadores fossem levados a um abrigo. Na última sexta-feira (2), ambos retornaram para suas casas.
Segundo as investigações preliminares, os trabalhadores estavam em condições degradantes, submetidos a trabalhos forçados e com documentos pessoais retidos.
Relatos dos trabalhadores
M. R. A. F, de 54 anos, é um dos resgatados. Ele vivia e trabalhava no local há seis anos, esperando receber cerca de R$ 200 por semana, conforme prometido pelo empregador. No entanto, nunca recebeu o valor prometido e realizava tarefas como limpeza, manutenção de animais e compras de supermercado.
O outro trabalhador, que prefere não se identificar, é motorista de aplicativo e ficou no local por cerca de um mês após seu carro quebrar durante uma enchente. Ele também não recebeu pagamento e descreveu a situação como pior do que a de “escravos antigos.”
Resposta do empregador
A.D.P, de 75 anos, apontado como empregador, negou qualquer vínculo empregatício com os funcionários e afirmou que fazia pagamentos intermitentes, além de fornecer botijões de gás. Ele também alegou não conhecer o segundo trabalhador e considerou a investigação “absurda.”
Ação do Ministério Público do Trabalho
O Ministério Público do Trabalho abriu um inquérito civil para buscar reparação aos trabalhadores, que já receberam seguro-desemprego por três meses. Casos como esse muitas vezes são disfarçados de caridade, com o objetivo de minimizar custos para o contratante.
Retorno dos trabalhadores
Após o resgate, os trabalhadores passaram cerca de 10 dias em um abrigo municipal. O trabalhador não identificado já retornou ao litoral gaúcho. Outro foi enviado de volta ao Nordeste com a ajuda do MTE, que providenciou passagem de ônibus.
Fonte: GZH.