Com a presença de representantes de entidades do agronegócio gaúcho, deputados federais, além do governador Eduardo Leite e do vice Gabriel Souza, o “tratoraço” realizado em Porto Alegre nesta quinta-feira (8) foi marcado por fortes cobranças ao governo federal. Articulado pelo Movimento SOS Agro, o evento que se concentrou no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Harmonia) reuniu tanto representantes dos pequenos e grandes produtores.
“O que é noticiado é que saiu a medida provisória e está tudo resolvido”, resumiu um dos coordenadores do Movimento SOS Agro, Lucas Scheffer, em referência à Medida Provisória 1.247 editada pela União que trata sobre as ações de auxílio aos agricultores gaúchos.
“Mas hoje é muito difícil acessar a Medida Provisória, e essa é hoje a nossa principal cobrança nos senadores e deputados federais, que podem colocar emendas nesta Medida Provisória”, afirma Scheffer, reclamando das exigências burocráticas para acesso às condições especiais para negociação das dívidas dos produtores.
Enquanto os debates se desenhavam na parte de dentro do parque, no lado de fora quem circulava pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva, em frente à Orla do Guaíba, viu um estacionamento incomum para a capital. Mais de 300 tratores foram estacionados em fila indiana em frente ao Parque Harmonia. “A gente trouxe o trator para a capital para chamar a atenção”, explicou Scheffer.
A presença de deputados federais e dos chefes do Executivo estadual tinha como objetivo pressionar os parlamentares a apresentarem emendas ao texto da MP 1.247.
Além das autoridades políticas eleitas, o palco também reuniu os presidentes da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), que representa os grandes produtores rurais gaúchos, e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), respectivamente Gedeão Pereira e Carlos Joel da Silva.
Essas presenças mostraram as diferenças ideológicas e políticas dos atores presentes. Gedeão fez questão de criticar o governo central. “Temos que tratar os produtores rurais não ideologicamente, temos que tratar como cadeia de produção. Esse governo está tendo dificuldade” afirmou o presidente da entidade, mais alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Gedão também fez uma estimativa pessimista em relação ao agro gaúcho ainda neste ano. “Pela primeira vez vislumbro a diminuição de área agrícola no Estado do Rio Grande do Sul”, comentou o dirigente.
Mais alinhado ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Carlos Joel usou a palavra para defender medidas adotadas pela União, mas fez questão de apontar limites diante do público. “Com a MP temos algo a nosso favor, mas a gente sabe que precisa mais e melhorar a MP.” Joel também cobrou facilidades de pagamento das dívidas para os produtores rurais. “Tem dinheiro sim, porque não tem um desenrola para o agricultor?”. questionou o presidente da Fetag.
Leite buscou minimizar os conflitos ideológicos entre as partes. “Não se trata de um movimento de oposição para fustigar, desgastar ou qualquer coisa, é um movimento de defesa do Rio Grande do Sul, de defesa do agronegócio”, afirmou para na sequência reforçar as cobranças à União.
“Esse ano que tínhamos a expectativa de termos o início de uma redenção nos deparamos com essa calamidade, e precisamos que olhem para gente. Não nos contentamos com o pouco entregue até agora”, disparou o governador.
Sem nenhum representante do governo ou dos deputados de situação, as críticas e cobranças ficaram sem nenhuma resposta direta durante o encontro.
O Movimento SOS Agro defende uma série de medidas para auxiliar os produtores, quase todas vinculadas às dívidas dos mesmos com instituições financeiras e com insumos. São quatro as principais demandas dos produtores: perdão de dívidas para produtores com perda total, prorrogação de dívidas para produtores com danos parciais, linhas de crédito para reconstrução das propriedades e auxílio financeiro para as famílias atingidas.
Créditos do texto/imagem: Portal ABC Mais.