Em mais uma operação contra a facção do Vale do Sinos que explora o tráfico de drogas na maior parte do Estado, pelo menos 19 foram presos nesta quinta-feira (15). A grande maioria com antecedentes criminais. Os nomes não são revelados, mas a reportagem apurou que um deles, morador de Novo Hamburgo, tem influência política. Já ocupou cargos em órgãos públicos de diferentes cidades. Não é o único investigado do meio.
A Operação Tentáculos, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, empregou mais de 300 agentes, ao amanhecer, para cumprir 36 mandados de prisão preventiva e 96 de busca e apreensão. Além de Novo Hamburgo, as ordens judiciais foram executadas em Campo Bom, Canoas, Estância Velha, Porto Alegre, São Leopoldo e Três Passos, com apoio da Brigada Militar e Polícia Civil.
O total de capturados, assim como de drogas, armas, dinheiro e carros apreendidos, não foi informado. “A investigação prossegue com a análise de todo o material coletado, tudo com o objetivo de apurar o total de valores oriundos da lavagem de dinheiro, principalmente veículos, imóveis e contas bancárias”, declarou o coordenador do Gaeco, promotor de Justiça André Dal Molin.
A influência da facção, que financia candidatos em várias cidades, não está restrita à política. Conforme o Gaeco, um líder de torcida organizada do Grêmio integra a cúpula do tráfico. Já o chefe do esquema tem base no bairro Roselândia, em Novo Hamburgo, e está preso. É considerado um dos principais articuladores de sangrenta disputa por território, especialmente entre Porto Alegre e o Vale do Sinos.
De acordo com o Gaeco, foram encontradas provas da lavagem de dinheiro, como documentos e celulares. O órgão frisa que, somente após a análise do material, será possível ter uma ideia do capital movimentado mensalmente pelo grupo. “Atingir a cúpula da organização e atacar as finanças da facção”, conforme a Promotoria, são as duas principais metas da operação. As buscas contaram com o cão farejador Tobias, da raça pastor-belga-malinois.
O Gaeco aponta que a facção intensificou uma estratégia de opressão a moradores de várias cidades para expandir a venda de drogas. Famílias vêm sendo expulsas de casa para ceder o imóvel ao narcotráfico. “Sempre mediante ameaças e agressões”, frisa o órgão, que cita um caso extremo na Roselândia, onde recentemente um industriário foi assassinado por não aceitar a entrega da propriedade. As casas são tomadas para servir de depósitos de armas e drogas, além de esconderijo para membros da facção.
Enquanto se apropriam de casas de inocentes, os líderes da facção, conforme frisa o Gaeco, vivem em mansões em cidades menores da região metropolitana. “Em todos os casos, verdadeiras fortalezas, e, em alguns, são sítios isolados que contam com grande aparato de segurança.”
Ainda segundo a investigação, foram identificadas seis empresas vinculadas à facção, de diversos ramos, consideradas as mais importantes, montadas para serem utilizadas na lavagem de capitais. Uma delas fica em Três Passos, no noroeste do Estado. O Gaeco pediu o sequestro dos bens.
Créditos do texto/imagem: Portal ABC Mais.