O médico Saulo Moisés Lopes Martins, de 59 anos, que foi preso na manhã de terça-feira (24) após atropelar e matar uma mulher na RS-239, em Sapiranga, foi liberado após audiência de custódia realizada na noite de quarta-feira (26). A decisão foi tomada poucas horas após o sepultamento da vítima, Anna Gonchoroski, de 66 anos.
O clínico geral conseguiu a liberdade sem a necessidade de um advogado, durante a audiência no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), em Porto Alegre. O pedido de soltura partiu do Ministério Público e foi acolhido pelo juiz Marcos La Porta da Silva. A Promotoria argumentou que não havia os requisitos legais para manter a prisão do médico.
“Trata-se, em tese, de crime culposo, e o custodiado é réu primário. Dessa forma, a prisão não se justifica, apesar da gravidade do fato e das suas consequências trágicas”, justificou o magistrado.
O juiz também mencionou que o teste do etilômetro realizado no médico indicou que ele não havia ingerido álcool, e não foram encontrados indícios de que ele dirigia em alta velocidade. Esses fatores afastaram a possibilidade de se tratar de um crime doloso na modalidade eventual, o que poderia justificar a prisão preventiva.
No entanto, a prisão em flagrante foi homologada pelos crimes de homicídio culposo na condução de veículo, fuga do local do acidente e omissão de socorro. Além disso, foram impostas medidas cautelares ao médico, incluindo o comparecimento mensal à Justiça para informar suas atividades, a suspensão da carteira de motorista por um ano, e o uso de tornozeleira eletrônica, com recolhimento domiciliar noturno das 21h às 6h.
Saulo Moisés atropelou Anna Gonchoroski por volta das 7h de terça-feira, não prestou socorro e seguiu para o trabalho. O veículo, um Mitsubishi ASX com a parte frontal danificada, foi deixado próximo a uma unidade de saúde no bairro Jardim, em Parobé. O médico pegou carona com um colega até outro posto no bairro Vila Nova, onde foi preso em flagrante.
De acordo com o delegado Rafael Sauthier, o médico inicialmente negou envolvimento no atropelamento, mas posteriormente confessou o crime, alegando que não parou porque acreditou que a vítima já estava morta. O delegado indiciou o médico pelos três crimes que foram homologados pela Justiça.
Este não é o primeiro incidente envolvendo Saulo. Em 2017, ele atropelou um morador de rua na BR-116, em Esteio. Na ocasião, a vítima também morreu, e o médico fugiu sem prestar socorro.
Fonte: Jornal ABC+.