A Polícia Civil do Rio Grande do Sul revelou que um grupo neonazista estava planejando retaliação contra um homem negro que, em legítima defesa, matou dois agressores no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. A investigação identificou ameaças e discursos de ódio direcionados ao homem, que havia reagido a um ataque ocorrido em outubro.
Na ocasião, a vítima foi abordada por dois indivíduos que o agrediram com um porrete com pregos. Para se defender, ele utilizou um canivete, resultando na morte dos dois agressores. Após o incidente, o homem chegou a ser detido, mas foi liberado após a polícia confirmar que agiu para proteger sua própria vida.
Os dois agressores tinham histórico de ameaças prévias ao homem por meio de redes sociais e estavam associados a uma célula neonazista. Durante a investigação, mensagens enviadas por membros do grupo continham ameaças explícitas à vítima e sua família. Em uma das mensagens interceptadas, um integrante afirmou:
"Vou matar a mãe dele quando ele sair da cadeia. Ele só tem a mãe dele mesmo, vou matar aquela (…). Da mesma forma que a gente vai enterrar nosso amigo, vocês vão enterrar o de vocês.”
Em uma operação para desarticular o grupo, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão, encontrando materiais que faziam apologia ao nazismo, com mensagens de ódio contra negros e judeus. Dois homens foram presos: um deles era o proprietário dos itens apreendidos e o outro, responsável pelas ameaças online. A célula neonazista, conforme a polícia, contava com cerca de 30 integrantes.
O delegado Eric Dutra, que lidera a investigação, reafirmou que o ato do homem foi caracterizado como legítima defesa, razão pela qual ele não foi indiciado pelas mortes. Dutra destacou o compromisso das autoridades em combater o extremismo e garantir a segurança das vítimas de crimes de ódio.
A Polícia Civil segue monitorando grupos extremistas no estado, intensificando ações para desarticular redes de apoio ao neonazismo e prevenir novos ataques.
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