São Paulo, maio de 2022. Dia 19 de maio é celebrado o Dia Mundial de Doação do Leite Humano. Dados do Ministério da Saúde apontam que, anualmente, mais de 10% das crianças prematuras precisam de alimento doado. Para se ter uma ideia do cenário, este mês, o Banco de Leite Humano de Sergipe divulgou a informação de que necessita de novas doadoras, uma vez que a unidade conta com 84 doadoras recorrentes, sendo o ideal 400.
Presidente da Comissão Nacional Especializada em Aleitamento Materno da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a ginecologista e obstetra Dra. Silvia R. Piza Ferreira Jorge ressalta a importância da amamentação. "Atualmente, é considerado de fundamental importância no desenvolvimento e prevenção de doenças, como a hipertensão, doenças cardiovasculares, cânceres, entre outras”, diz.
Os benefícios da amamentação não se restringem apenas aos bebês. As doadoras também são impactadas pelo ato. “A amamentação complementa a evolução e desenvolvimento da glândula mamária. Contrariamente no pós-parto, quando se observa a regressão das adaptações do organismo materno que acontecem na gravidez, as mamas completam seu desenvolvimento com os processos fisiológicos que envolvem a amamentação. Esse ciclo é muito importante favorecendo a prevenção de doenças mamárias, e o câncer de mama”, explica Dra. Silva da Febrasgo.
Complementarmente à Dra. Silvia, o Dr. Sergio Makabe, vice-presidente da mesma Comissão da Febrasgo, esclarece quanto à idade ideal para o desmame do bebê. “A recomendação do aleitamento materno exclusivo é até o sexto mês de vida e continuado até o segundo ano de vida ou mais”, completa.
O desmame precoce, contudo, pode ser um problema para o recém-nascido. O Dr. Sergio relata quais são os malefícios à saúde. “O desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, prejudicando as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala. Pode levar também a diminuição da proteção para doenças metabólicas e proteção do sistema imunológico do recém nascido”, explica.
Bancos de leite no Brasil
A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH) é uma iniciativa do Ministério da Saúde e é a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo. Segundo a rBLH, o país dispõe de 224 bancos e 216 pontos de coleta. “Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Basta estar saudável e não tomar medicamentos que interfiram na amamentação”, informa Makabe.