O Ministério da Saúde estabeleceu, no começo desta semana, uma Sala de Situação para monitorar o cenário da varíola dos macacos (monkeypox) no Brasil. A medida tem como objetivo elaborar um plano de ação para o rastreamento de casos suspeitos e na definição do diagnóstico clínico e laboratorial para a doença.
Até o momento, não há notificação de casos suspeitos da doença no País. A pasta encaminhou aos estados o Comunicado de Risco sobre a patologia, com orientações aos profissionais de saúde e informações disponíveis até o momento sobre a doença.
A vigilância de doenças com potencial para emergência em saúde pública é monitorada pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional), que atua de forma permanente, detectando informações 24 horas por dia.
A varíola dos macacos é uma doença viral endêmica no continente Africano, com transmissibilidade moderada entre humanos.
“Questão de tempo”
Para o médico infectologista do Hospital das Clínicas da USP Evaldo Stanislau, é uma “questão de tempo” até que o Brasil identifique casos da chamada varíola dos macacos, que começou a se espalhar pela Europa.
Ele afirmou que “um dos aspectos peculiares dessa crise atual é a maneira com que vem se espalhando”.
“Os primeiros casos são relatados no Reino Unido, muito rapidamente para Portugal e Espanha, depois outros países na Europa, e já chegou na Austrália e na América do Norte. Em um mundo globalizado em que você pega um avião e 12 horas depois já está em outro país, é muito provável, questão de tempo, que façamos um ou mais diagnósticos aqui no Brasil”, avalia.
Contenção
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta terça-feira (24) que havia 131 casos confirmados de varíola dos macacos e 106 outros casos suspeitos, desde que o primeiro foi relatado em 7 de maio fora dos países onde geralmente se espalha.
Embora o surto seja incomum, ele pode ser contido e limitado, disse a OMS, que está convocando mais reuniões para apoiar os Estados-membros com mais conselhos sobre como lidar com a situação.
A varíola dos macacos é uma infecção viral geralmente leve que é endêmica em partes da África Ocidental e Central. Ela se espalha principalmente por contato próximo e, até o recente surto, raramente era vista em outras partes do mundo. A maioria dos casos recentes foi relatada na Europa.
“Encorajamos todos vocês a aumentar a vigilância da varíola dos macacos para ver onde estão os níveis de transmissão e entender para onde estão indo”, disse Sylvie Briand, diretora da OMS para Preparação Global para Riscos Infecciosos.
Ela afirmou que não está claro se os casos são a “ponta do iceberg” ou se o pico de transmissão já passou.
Em declarações na Assembleia Mundial da Saúde em Genebra, Briand reiterou a opinião da OMS de que é improvável que o vírus tenha sofrido uma mutação, mas disse que a transmissão pode estar sendo impulsionada por uma mudança no comportamento humano, principalmente quando as pessoas voltam a se socializar à medida que as restrições da covid vão sendo retiradas no mundo todo.