Desenho de cruz com facadas, esquartejamento e enterro em toca de tatu. Esses são alguns dos detalhes que permeiam a morte de Kauã João Freitas, de 17 anos, no interior do município de Xavantina, no Oeste de Santa Catarina. O menino desapareceu há quase dois meses.
Kauã morava no bairro Jardim América, em Chapecó. De acordo com a Polícia Civil, o adolescente — que era servente de pedreiro — teria saído de casa no dia 14 de abril para trabalhar em uma construção em Xaxim, a cerca de 25 km de casa, e desde então sumiu.
Em razão da suspeita da morte, o boletim de ocorrência do sumiço foi enviado à Divisão de Investigação Criminal que, segundo o delegado Vagner Tiago Papini, precisou refazer os últimos momentos de vida do adolescente. “Falamos com amigos e pessoas que estavam no local onde ele foi visto pela última vez naquele dia 14”, afirmou. As testemunhas confirmaram à polícia que o garoto havia sido brutalmente morto.
Na quarta-feira (8), após autorização judicial, a Polícia Civil cumpriu dois mandados de busca e apreensão nos dois municípios. O primeiro ocorreu na casa de um suspeito, de 18 anos, no bairro Santa Terezinha, em Xaxim, mas nenhum indício do crime foi encontrado. Apesar disso, o jovem decidiu confessar aos policiais que participou do assassinato e levou a equipe até a fazenda onde tudo aconteceu.
“Ele contou que foi chamado por outro homem para praticar o crime, pois Kauã teria, em tese, realizado insinuações com a mulher do segundo suspeito.”
Já na fazenda em Xavantina, propriedade do segundo homem, de 37 anos, preso por suspeita de participação no crime, os agentes encontraram uma corda e um dos tênis usado por Kauã na data do sumiço. As buscas duraram oito horas e tiveram apoio do helicóptero da Polícia Civil, profissionais do Corpo de Bombeiros Militar e 20 policiais civis.
O suspeito mais novo, que trabalhava com Kauã, contou ao delegado que enganou a vítima com um suposto serviço no sítio em Xavantina e lá anunciou que a mataria com a ajuda do proprietário da terra.
Kauã teve as mãos presas com uma corda, levado para uma área de mata da propriedade e próximo a um riacho foi amarrado em uma árvore. Lá, segundo o delegado, ele recebeu duas facadas no abdômen e um desenho em sinal de cruz.
Com objetivo de facilitar para esconder o corpo, os dois homens esquartejaram a vítima no chão. “Eles decapitaram, cortaram os braços e depois as pernas. Os pedaços foram colocados em tocas de tatu e o tronco teria sido levado para o outro lado do riacho e lá escondido.”
Apesar dos esforços nas buscas, os restos mortais não foram encontrados pelos policiais. Em razão das recentes chuvas na região, a polícia acredita que as partes do corpo foram arrastada pela correnteza do riacho.
Os dois homens já têm histórico criminal e estão presos temporariamente no Presídio de Chapecó. O inquérito do caso foi enviado à Polícia Civil de Xavantina que dará continuidade na investigação antes de enviar ao Poder Judiciário.