Um dos maiores desafios enfrentados pela sociedade contemporânea é produzir alimentos para todos de forma segura e sustentável. Trata-se de um movimento de grande importância, uma vez que a cadeia produtiva deve utilizar tecnologias que reduzam o impacto ambiental e, ao mesmo tempo, aumentem as escalas de produção. Cada vez mais o setor agrícola busca formas de desenvolvimento e processos que se distanciem de recursos não-renováveis e fatores que tenham impactos negativos no clima, meio ambiente e bem-estar geral das pessoas. É dessa necessidade que emerge a bioeconomia, modelo de produção baseado no uso de recursos biológicos.
São denominados insumos agrícolas todos os elementos necessários para a produção de produtos ou serviços dentro do escopo do agronegócio, podendo se tratar de defensivos, fertilizantes, equipamentos e quaisquer outros tipos de materiais que integram os processos da cadeia de produção. Os bioinsumos, ou insumos biológicos, englobam uma série de produtos feitos a partir de microrganismos, extratos vegetais e agentes biológicos que podem ser utilizados em diversas fases da produção. Essa tecnologia surge da procura por soluções sustentáveis para promover o crescimento de plantas, elevar a produtividade e atuar no controle de pragas e doenças nas lavouras.
Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) mostram que o uso de bioinsumos no controle biológico de pragas e na fixação de nutrientes nas plantas representa uma economia de US$ 13 bilhões por ano ao setor agrícola. O Brasil, enquanto país com uma das maiores diversidades biológicas do planeta, já é líder mundial em bioinsumos, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mas ainda apresenta grande potencial para expandir o uso dessas tecnologias sustentáveis.
De acordo com a CropLife Brasil, a associação de biológicos com inseticidas tem a capacidade de aumentar a eficácia do controle de pragas de 50% para mais de 90%. Estudos realizados em lavouras que utilizaram produtos biológicos associados a defensivos químicos indicaram um acréscimo na produção de 775kg/ha em lavouras de milho e 400kg/ha em lavouras de soja.
O investimento em bioinsumos se torna ainda mais atraente quando falamos em emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) e aquecimento global, tema que ganhou destaque após a COP26, quando diversos países assumiram o compromisso de reduzir as emissões de GEE em 50% até 2030 e atingir a neutralidade de carbono até 2050. Estudo realizado em 2020 pela Agrofit, banco de informações sobre produtos registrados para uso no Ministério da Agricultura, o uso de biotecnologias pode significar uma redução de 60% a 90% nas emissões de gases de efeito estufa por hectare/ano.
Os dados mostram que os insumos biológicos têm grande importância para um mundo mais sustentável, pois oferecem a possibilidade de equilíbrio dos ecossistemas em que a agricultura está inserida, aliado ao crescimento sustentável da produção, o que representa ganho financeiro ao produtor. Por isso, é importante reforçarmos que é fundamental um esforço conjunto das entidades do setor, aliadas aos produtores, empresas e poder público para promovermos uma agricultura sustentável, que alie qualidade de produção a sustentabilidade, a fim de promover segurança alimentar às pessoas de todo o mundo sem impactar negativamente no meio ambiente.