23/09/2022 às 17h25min - Atualizada em 23/09/2022 às 18h10min
4 Pontos cruciais sobre Setembro Amarelo revelada por psicóloga
A prevenção do suicídio apesar de ser um tema evitado pela sociedade, deve ser trabalhado com seriedade nas empresas.
SALA DA NOTÍCIA Celio Miranda dos Santos
Própria Engehall Você sabia que no Brasil são registrados cerca de dez mil suicídios por ano? Talvez esses dados te causem desconforto ou espanto. Suicídio é como uma daquelas palavras inomináveis, rodeadas de tabus. Mas é preciso jogar fora o preconceito e normalizar conversas sobre saúde mental. Muitos casos de suicídio poderiam ser evitados se as pessoas tivessem acesso a informações de qualidade e tratamento psiquiátrico.
Em 2013 a Associação Brasileira de Psiquiatria colocou no calendário nacional a campanha Setembro Amarelo, uma mobilização internacional para prevenir o suicídio. A iniciativa acontece no ano todo, sendo que o dia 10 de setembro é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e 10 de outubro é o dia Mundial da Saúde Mental.
O objetivo da campanha é chamar a atenção da sociedade civil e dos governos para a importância de combater essa epidemia silenciosa. Mas é muito importante que as iniciativas privadas também se mobilizem para conscientizar seus colaboradores. Só de 2007 a 2018, de acordo com o Sinan do Ministério de Saúde, foram registrados 10.237 casos de transtornos mentais relacionados ao trabalho. Além disso, a depressão é a décima doença com mais registros de afastamentos do trabalho na Previdência Social.
A maior parte dos casos de suicídios são precedidos de algum tipo de transtorno psiquiátrico: depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno de personalidade, entre outros. Por isso, o tratamento dos transtornos mentais está entre os principais meios de prevenção ao suicídio.
Pensando na conscientização dos seus colaboradores, no dia 19 de setembro a Engehall, empresa de treinamentos em segurança do Trabalho, promoveu uma manhã de palestra sobre saúde mental e prevenção ao suicídio com a psicóloga Camila Vieira. Aproveitamos a oportunidade para fazer algumas perguntas importantes que podem ajudar as empresas no combate e prevenção ao suicídio. Quais tipos de ações a empresa deve fazer para evitar depressão, ansiedade, e outros transtornos psiquiátricos que podem levar ao suicídio?
Psicóloga Camila Vieira: As prevenções sobre saúde mental devem estar na Cultura Organizacional da empresa. Ela vai desde a formulação dos cargos, para que as metas e atividades sejam realizáveis, salários e benefícios compatíveis com o cargo, até o respeito ao horário de trabalho do funcionário (não enviar mensagens fora do horário de trabalho, por exemplo) até aos feedbacks constantes e o investimento em T&D (Treinamento e Desenvolvimento) de habilidades socioemocionais. Estar atento ao relacionamento entre os funcionários, deixando o ambiente confiável para que sejam feitas denúncias e punições aos atos que desrespeitam o Código de Ética e outros regulamentos da empresa também é muito importante.
E por último, realizar a inclusão de pessoas negras, lgbtqiap+, PCD, reabilitados do INSS e afins. Se a empresa já tem um funcionário com risco de Suicídio, a primeira ação é não deixar a pessoa sozinha. Depois é necessário colocar em prática todo o plano de medidas preventivas do PCMAT e os treinamentos educativos de prevenção a acidentes. Além de dar suporte psicológico e médico (encaminhar a pessoa para o médico do trabalho da empresa para iniciar o tratamento medicamentoso ou reavaliar as condições de afastamento pelo INSS) e suporte com Assistência Social. Quais sinais os colaboradores podem dar que indicam um quadro depressivo que requer mais cuidado?
Psicóloga Camila Vieira: Geralmente, os funcionários denunciam que algo está incomodando com alto nível de absenteísmo. A empresa consegue detectar com o controle dos atestados de saúde, e alguns até com o CID. Em outros momentos, percebe-se o funcionário desregulado, ou ele está muito letárgico ou está extremamente elétrico, com comportamentos atípicos do Ser Humano. Quais são os benefícios que ações de prevenção e combate ao suicídio podem gerar para as empresas?
Psicóloga Camila Vieira: Em termos capitalistas, a empresa pode diminuir consideravelmente os custos com a Medicina e Segurança do Trabalho e processos trabalhistas por adoecimento. A falta de saúde mental dos trabalhadores traz quais consequências?
Psicóloga Camila Vieira: Para a pessoa, a falta de saúde mental trás incapacidades socioemocionais, doenças físicas e incapacitantes, aposentadoria precoce e aumento da probabilidade de suicídio. Já a empresa terá custos maiores com recontratações (índice alto de turnover), clima organizacional ruim, sobrecarga dos setores de Medicina e Segurança do Trabalho e Jurídico (devido aos possíveis processos trabalhistas), além de não contribuir para a reputação da empresa.
A ação teve a aderência de toda a equipe, que pôde não só ouvir, mas também falar sobre seus sentimentos e desafios na construção de uma saúde mental. A colaboradora Jéssica Faria, auxiliar financeiro da Engehall, relatou que ainda não tinha vivido uma experiência do tipo nas empresas em que trabalhou.
"Se sentir acolhida, carinho, esperança e em família" - são as melhores palavras para definir a Engehall como sua parceira para informar e cuidar dos sentimentos dos colaboradores nesse Setembro Amarelo. Nenhuma empresa que estive inserida se preocupou com o que se passava em minha mente (...), mas aqui não me senti isolada, mas sim, muito querida e confortada por toda a equipe.” disse Jéssica.