Um homem foi preso em flagrante, na tarde desta quarta-feira (2), após agredir profissionais de imprensa que faziam a cobertura jornalística de uma manifestação favorável à intervenção federal, no Centro Histórico de Porto Alegre.
Ele desferiu socos no cinegrafista e no motorista que acompanhavam um repórter da Rede Bandeirantes nas imediações de quartel do Exército na Rua da Praia.
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O suspeito tentou fugir mas acabou alcançado duas quadras depois, próximo à Casa de Cultura Mario Quintana, por policiais da Brigada Militar (BM) com a ajuda de populares que não participavam da manifestação.
Também houve registro de ataques verbais e físicos contra equipes da Rádio Gaúcha e emissoras de televisão Record e SBT, além de danos causados deliberadamente aos instrumentos de trabalho e outras formas de intimidação. Conforme a BM, incidentes semelhantes são alvo de investigação para identificar outros envolvidos.
Após as agressões, as vítimas buscaram atendimento no Hospital de Pronto Socorro (HPS) e registraram boletim de ocorrência na 2ª Delegacia da Polícia Civil. Informações extraoficiais apontam que nenhuma se feriu gravemente.
No caso do SBT, um grupo de defensores da necessidade de intervenção militar contra o resultado da eleição presidencial cercou os profissionais de imprensa, de forma intimidatória. Vestindo verde-e-amarelo e bastante exaltados, eles questionavam de forma agressiva o teor da cobertura do evento antidemocrático e que contou com milhares de pessoas ao longo da manhã e tarde.
Situação similar ocorreu com a esquipe da Record. Seus integrantes foram ameaçados e expulsos do local, sem conseguir trabalhar. Quase da mesma forma, um repórter da Rádio Gaúcha foi alvo de intimidação por golpistas que acusavam a imprensa de praticar jornalismo “tendencioso”.
Os três grupos de comunicação emitiram notas de repúdio aos cerceamento de suas atividades informativas, prestando solidariedade aos seus trabalhadores e informando que tomarão medidas cabíveis na esfera policial e judiciária.
Além do governador Ranolfo Vieira Júnior e do prefeito Sebastião Melo, entidades que representam os profissionais da categoria também demonstraram indignação. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors), por exemplo, pediu que incidentes desse tipo fossem denunciados para a tomada das providências cabíveis. Confira, a seguir, as manifestações de outras entidades.
Agert
“A Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), em conjunto com o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Rio Grande do Sul (SindiRádio), vem a público manifestar repúdio às hostilidades e agressões a profissionais da imprensa durante o exercício legal de suas atividades (…). Meios de comunicação livres são um dos pilar do Estado democrático de direito”.
ARI
– “Neste 2 de novembro, Dia Internacional pelo Fim da Impunidade de Crimes contra Jornalistas – data escolhida pela ONU [Organização das Nações Unidas] para marcar o assassinato de dois jornalistas franceses em Bali, em 2013 – a Associação Riograndense de Imprensa [ARI[ vem a público se solidarizar com os profissionais e veículos de comunicação covardemente atacados por integrantes de manifestação antidemocrática em Porto Alegre.”
– “Agressões, ameaças, xingamentos e outros tipos de desrespeito tem sido o cotidiano de quem busca a informação e atua com o jornalismo responsável. Frequentes em várias partes do país durante o período eleitoral, as agressões e ameaças a jornalistas vêm se intensificando desde a madrugada do dia 31, com a divulgação do resultado do pleito presidencial”.
– “Jornalistas estão sendo maltratados, destratados e agredidos, impedidos de fazer gravações e entrevistas em vários Estados. A Federação Nacional dos Jornalistas, a Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão, a Associação Brasileira de Imprensa e sindicatos vêm protestando contra essa situação”.
– “Nesse contexto, também manifestamos integral solidariedade aos profissionais e empresas atacados e proclamamos veemente repúdio aos atos de violência. Comprometida com a democracia e com a defesa da liberdade de expressão, a ARI apela às autoridades para que garantam o livre exercício da atividade jornalística e punam os agressores na forma da lei”. (Marcello Campos | O Sul)
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