Após evitar a realização de novos protestos em Pequim devido à implantação de força policial, as autoridades chinesas começaram a investigar alguns manifestantes que se reuniram nas raras manifestações no país, que já estão sendo classificadas como as maiores desde o movimento pró-democracia de 1989. A informação é da agência de notícias Reuters, que ouviu pessoas que foram às ruas no final de semana. Dois manifestantes informaram que pessoas ligaram se identificando como policiais de Pequim e pediram que se apresentassem a uma delegacia na terça-feira, 29, com relatos por escrito de suas atividades na noite de domingo. Um aluno também disse que foi questionado por sua faculdade se eles estiveram em uma área onde ocorreu um protesto e também para fornecer um relato por escrito. “Estamos todos deletando desesperadamente nosso histórico de bate-papo”, disse outra pessoa que testemunhou o ato em Pequim e pediu para não ser identificada. Ainda não se sabe como as autoridades chegaram até essas pessoas e quantas foram intimadas. A Reuters tentou contato com o Departamento de Segurança Pública de Pequim, mas não obteve resposta.
As manifestações contra a rígida política de ‘covid zero’ presente no país há quase três anos são a maior onda de desobediência civil na China continental. Ela já vinha sendo realizada há pelo menos oito meses, contudo, ganhou um desfecho maior após um incêndio em um prédio em Urumqi, que deixou 10 mortos. O incidente gerou indignação nas redes sociais, uma vez que os confinamentos prejudicaram o resgate das vítimas. “Isso não é uma vida normal, estamos fartos. Nossas vidas não eram assim antes”, exclamou um palestrante na Universidade Tsinghua. Essa onda de protestos ocorre quando o número de casos de COVID atinge recordes diários e grandes partes de várias cidades enfrentam novos bloqueios. “Os problemas destacados pelo público não visam a prevenção e controle da epidemia em si, mas se concentram na simplificação das medidas de prevenção e controle”, disse Cheng Youquan a repórteres, acrescentando que as autoridades abordariam questões urgentes.