29/01/2023 às 23h01min - Atualizada em 30/01/2023 às 00h47min

É preciso punir grandes empresas que financiam o garimpo ilegal, diz a primeira mulher indígena a comandar a Funai

É preciso punir grandes empresas que financiam o garimpo ilegal, diz a primeira mulher indígena a comandar a Funai - Jornal O Sul

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Nessa sexta-feira, a deputada federal Joenia Wapichana falou sobre a crise humanitária que atinge o povo Yanomami. Joenia é a primeira mulher indígena a assumir a presidência da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em mais de meio século.

Joenia, que também foi a primeira mulher indígena a exercer advocacia no Brasil e a primeira a ser eleita deputada federal, fala sobre o combate ao garimpo ilegal na maior terra indígena do país – um dos muitos desafios que a Funai tem pela frente.

“É preciso realmente punir e responsabilizar quem financia o garimpo, que são as grandes empresas. Empresas que transportam, que compram, que comercializam. (…) É possível, sim, fazer isso acontecer, com a boa vontade política que o governo Lula promete”, conta .

Joenia faz um alerta sobre o sucateamento da Funai no governo Bolsonaro e ressalta a importância do órgão para a proteção dos povos indígenas brasileiros.

“É necessário pensar na Funai como órgão estratégico, que faz a proteção, além dos territórios indígenas, mas da vida dos povos. A Funai é um órgão indigenista federal que, tem na sua responsabilidade, 14% do território brasileiro e lida diretamente com a vida”, explica.

“A prioridade é fazer uma reorganização, fazer uma proposta de plano de carreira e considerar os servidores como servidores que colocam sua vida em risco”, completa.

Extinção dos Yanomamis

A primeira presidenta indígena da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana, viajou com o presidente Lula à Roraima, onde acompanhou as ações emergenciais do governo federal para atenuar a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami.

Em entrevista exclusiva ao portal Brasil de Fato, ela relatou ter encontrado uma situação calamitosa na saúde indígena, herança de “muita negligência” do governo de Jair Bolsonaro (PL). Ela diz acreditar que o ex-presidente desejou a extinção do povo Yanomami, dada a soma de ações e omissões contrárias ao povo cometidas por sua gestão.

“Nos deparamos com uma tragédia humanitária. Pessoas morrendo de fome, que deveriam estar sendo assistidas pelo Estado brasileiro”, lamentou.

Após a declaração de emergência em saúde, houve reforço nas equipes de saúde e a criação de um hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (FAB), que começou a funcionar nessa sexta-feira (27).

“Eu vi, na prática, os profissionais da saúde fazendo reuniões e pude ver que melhorou o atendimento, mas ainda existem demandas. O número de atendimentos aumentou consideravelmente”, relatou Joênia.

Para a advogada de Roraima, os altos índices de mortes por doenças tratáveis indicam que houve uma intenção genocida por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Se formos estudar e parar para pensar, ele [Bolsonaro] desejou praticamente a extinção do povo indígena, por suas intenções e por suas omissões.”

A parlamentar cumpre até o fim de janeiro o mandato de deputada federal pela Rede Sustentabilidade. Depois, assume a presidência da Funai, que vem sendo aos poucos “desbolsonarizada”.

“[A expulsão dos garimpeiros] é o mínimo que se espera da Funai. Mas nesse primeiro momento estamos reconstruindo o país todo”, afirmou.



Fonte: https://www.osul.com.br/e-preciso-punir-grandes-empresas-que-financiam-o-garimpo-ilegal-diz-joenia-wapichana-primeira-mulher-indigena-a-comandar-a-funai/
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