Governador Ron DeSantis entrou em conflito com a gestão do parque após divergências políticas na lei "Don't say gay". Castelo da Cinderella no Walt Disney World passa por cuidados nesta quinta-feira (12)
Joe Burbank/Orlando Sentinel via AP
O governador da Flórida, Ron DeSantis, assinou nesta segunda-feira (27) uma lei que dá ao governo local o controle do distrito autônomo dos parques da Disney World, em Orlando.
DeSantis, um ultra conservador republicano e pré-candidato à presiência dos EUA, vem travando uma forte disputa com a Disney World por conta da chamada lei "Don't say gay" ("Não diga gay", em tradução direta), que proíbe educação sexual em escolas da Flórida. A Disney se opôs fortemente à medida, de autoria de DeSantis.
"Hoje o reino corporativo finalmente chega ao fim", disse o governador da Flórida em uma cerimônia de assinatura da lei, em Lake Buena Vista. "Há um novo xerife na cidade, e a responsabilidade será a ordem do dia".
Desde 1967, a Disney tinha o status de distrito autônomo, o que significa que a região onde ficam os parques da empresa - e também condomínios e resorts - tinha um governo próprio, com autonomia do governo estadual da Flórida. A administração da Disney, financiada por impostos de quem mora na região, era responsável por serviços públicos como emergências médicas, proteção e socorro contra incêndios, geração e distrubuição de água potável e energia elétrica e coleta e reciclagem de lixo.
A lei assinada nesta segunda devolve ao governo estadual da Flórida o controle de todos esses serviços, que passarão a ser supervisionados por um conselho de cinoc membros que DeSantis deve agora nomear.
A mudança, no entanto, deixa intactas as obrigações fiscais e financeiras do local.
A Disney ainda não havia se manifestado sobre a nova lei até a última atualização desta notícia.
O governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, faz um discurso ao lado sua esposa Casey em Tampa, na Flórida, nos EUA, em 8 de novembro de 2022
REUTERS/Marco Bello
A tentativa do governo de DeSantis de recuperar o distrito da Disney começou no ano passado, quando a gigante do entretenimento se opôs publicamente à lei "Don´t Say Gay" após enfrentar uma onda de pressão pública. A lei impede ensinamentos sobre orientação sexual e identidade de gênero do jardim de infância até a terceira série escolar no estado.
Com a oposição pública da Disney, DeSantis começou então a articular para penalizar a empresa, direcionando os deputados da Câmara local, dominada pelo Partido Republicano, a dissolver o distrito em uma sessão legislativa especial.
Com o conselho criado pela lei, o governo poderá monitorar de perto as atividades do complexo de parques.
Para DeSantis e seus apoiadores, a Disney foi uma propagadora da ideologia "woke", que apoai políticas liberais que defendam temas como a igualdade racial e de gênero, inserindo, ainda segundo o governador da Flórida, assuntos inapropriados no entretenimento infantil.
Foto de casamento no parque da Disney, na Flórida, Estados Unidos
Divulgação/DisneyWeddings
Para especialistas em política norte-americana, ao assumir o controle do Distrito Disney, DeSantis mostrou que está disposto a lutar contra inimigos políticos e exercer o poder do governo do estado para atingir objetivos - ele quer concorrer à presidência dos Estados Unidos e vem sendo apontado como o principal rival do ex-presidente Donald Trump, também republicano.
Acredita-se que essa será uma estratégia frequente durante sua potencial corrida pela Casa Branca.
A criação do distrito autônomo foi fundamental na decisão da Disney de construir perto de Orlando na década de 1960. A empresa havia dito ao estado que planejava construir uma cidade futurista que incluísse um sistema de trânsito e inovações de planejamento urbano, para a qual a empresa precisaria de autonomia na construção e decidisse como usar a terra.
A cidade futurista nunca se materializou e, em vez disso, se transformou em um segundo parque temático que inaugurou em 1982.
Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/02/28/governo-da-florida-assina-projeto-de-lei-para-tomar-controle-do-distrito-autonomo-da-disney-world.ghtml