19/03/2023 às 22h03min - Atualizada em 20/03/2023 às 00h00min

Depósitos em dinheiro vivo para o governador do Acre aumentaram 490%

Depósitos em dinheiro vivo para o governador do Acre aumentaram 490% - Jornal O Sul

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Desde que assumiu o cargo de governador do Acre, em 2019, Gladson Camelli (PP) passou a receber centenas de pequenos depósitos em espécie em suas contas. As cifras enviadas saltaram de R$ 149 mil um ano antes de assumir para R$ 880 mil em 2021, o que representa um aumento de 490% no período. Camelli é alvo de uma operação da Polícia Federal que apura suspeitas de desvio de dinheiro público.

A quebra de sigilo bancário do governador mostrou que os depósitos eram feitos em pequenos valores, nunca acima de R$ 50 mil, para não chamar a atenção dos órgãos de controle. Cifras acima desse valor precisam ser obrigatoriamente comunicados pelo banco ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A defesa do governador nega qualquer irregularidade.

Em nota, os advogados do governador disseram que “a investigação caminha sem conclusão há dois anos e, ao final, servirá para comprovar sua inocência”. A defesa também declarou que “o inquérito está todo ele baseado em relatórios do COAF ilegais e desprovidos de qualquer coerência”.

Para a ministra Nanci Andrighy, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a terceira fase da Operação Ptolomeu, o volume de depósitos, que totalizam R$ 2,3 milhões, “revela-se alto e pode, em tese, denotar prática levada a termo com o suposto fim de dissimilar a origem dos recursos”. A PF chegou a pedir a prisão preventiva de Cameli, mas Andrighi negou o pedido, após parecer contrário da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Imóveis

A ministra aponta indícios de existência de uma “organização criminosa complexa”, que estaria “causando graves prejuízos ao erário” e registra que, de acordo com a PF, o governador “seria o suposto chefe da ORCRIM e beneficiário central das vantagens indevidas auferidas”. Essa organização envolveria uma rede de empresas de amigos e familiares.

Além dos depósitos bancários, a ministra aponta ainda “suspeita de que as transações imobiliárias apontadas (..) tenham envolvido recursos públicos supostamente desviados do Estado do Acre e que teriam sido objeto de crimes de lavagem de capitais por parte da organização criminosa investigada nestes autos”.

Um dos fatos citados é que a empresa Rio Negro, que pertence ao irmão do governador, Gledson Cameli, foi subcontratada por outra companhia que tinha um contrato com o governo estadual, a Murona. No mesmo dia em que recebeu R$ 200 mil, a Rio Negro utilizou esse valor para dar entrada em um “apartamento de luxo” em São Paulo.

Um outro apartamento foi comprado em Brasília por uma empresa que tem o pai do governador como sócio administrador. Entretanto, a PF afirma que o verdadeiro dono seria Cameli, porque ele posteriormente emitiu notas fiscais de serviços destinados ao imóvel.

Compra de carros

A PF também levanta suspeitas sobre a aquisição de carros, que “teriam sido negociados com o escopo de ocultar e dissimular a origem de recursos ilícitos supostamente desviados”. Ao todo, a PF aponta negociações de 11 veículos de luxo.

Em um dos casos, um amigo de Cameli pagou a entrada de R$ 110 mil de uma BMW que foi comprada pela esposa do governador, Ana Paula Cameli. O pagamento ocorreu um dia após a empresa de Souza receber recursos de uma outra empresa com contrato com o governo estadual, a Atlas, para realizar uma decoração natalina.

Um Jaguar E-Pace, avaliado em R$ 250 mil, foi comprado por uma empresa de engenharia “em benefício do governador e da sua esposa”. A PF encontrou nota fiscal do veículo e comprovante de pagamento de IPVA debitados na conta corrente do governador, além de proposta de seguro em nome de sua esposa. A empresa também pagou uma parcela de R$ 52,6 mil do financiamento de uma Toyota Hilux SW4.

Há casos em que a compra dos veículos não foi esclarecida, muitas deles ocorrendo em sequência. Uma Pajero HPE, avaliada em R$ 256 mil, foi paga à vista, “não tendo o proprietário da concessionária esclarecido, com segurança, a origem desse recurso”. Um Toyota Corolla Altis foi adquirido por R$ 136 mil, mas a PF não encontrou os pagamentos nas contas de Cameli e sua esposa.



Fonte: https://www.osul.com.br/depositos-em-dinheiro-vivo-para-o-governador-do-acre-aumentaram-490/
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