09/05/2023 às 22h07min - Atualizada em 10/05/2023 às 06h16min

Veja erros em cartão de vacina fraudado para esposa do coronel Mauro Cid

Veja erros em cartão de vacina fraudado para esposa do coronel Mauro Cid - Jornal O Sul

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A secretaria de Saúde da cidade de Cabeceiras, no Entorno do Distrito Federal, percebeu erros no cartão de vacina fraudado de Gabriela Cid, esposa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. A chefe da pasta, Cleide Alencar, explicou que, ao ver o cartão pela primeira vez, por meio da imprensa, logo percebeu os “furos” existentes no documento, como o nome da técnica de enfermagem escrito errado e lotes que não teriam ido para a cidade.

Farley é sobrinho do sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid, que foi preso na quarta-feira (3), durante a operação deflagrada pela Polícia Federal.

O cartão de vacinação, em nome de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, registra que a mulher teria recebido uma dose de vacina no dia 17 de agosto de 2021, do lote FF2591, e outra no dia 9 de novembro de 2021, do lote TG3529. Ambas as doses seriam produzidas pelo laboratório BioNtech. No campo de observações do cartão de vacina, é possível ver a assinatura e o carimbo de Farley. As duas enfermeiras, Dzirrê de Almeida e Edynez Farias, que tiveram o nome assinado no documento, negam envolvimento com a fraude.

A coordenadora da atenção básica municipal, que preferiu não se identificar, explicou que, no cartão de vacina, o nome da enfermeira ou técnica de enfermagem que aparece tem que ser o da pessoa que fez a aplicação do insumo no paciente. Com isso, o primeiro erro identificado por Cleide, foi a assinatura da técnica de enfermagem Edynez Farias Costa. Isso, porque no cartão, o nome dela consta como Edniz. Segundo a própria enfermeira, ela é a única profissional do município, de modo que o nome errado não poderia fazer referência a outro profissional.

“Ela não ia escrever o próprio nome dela errado”, disse a secretária.
Outro furo percebido pela secretária seria na caligrafia. Tanto a secretária, quanto a coordenadora da atenção básica municipal, contaram que logo de cara viram não ser nem a caligrafia de Edynez nem a de Dzirrê, ainda que o nome de ambas estivesse no cartão de vacina.

Além da caligrafia, as servidoras também mencionaram erro no posto de saúde em que uma das vacinas teriam sido aplicadas. Logo abaixo dos nomes das enfermeiras, no cartão de vacina, é possível ver a unidade de saúde em que a vacina foi aplicada.

Apesar de o de Dzirrê constar o local em que ela trabalhava em 2021 corretamente, o posto apontado como o local em que Edynez, não é o local em que a profissional trabalha. Conforme o registro do cartão de vacina, o imunizante teria sido aplicado na Unidade Básica de Saúde da Família I, localizada no setor Mariano Machado. Contudo, a profissional trabalha na Unidade Básica de Saúde da Família II, no setor Parque São João, centro da cidade, desde 2020.

Outro ponto mencionado pela profissional que atua na coordenação da atenção básica de Cabeceiras é o lote da vacinação que consta no cartão de vacina supostamente fraudado. Apesar de a Polícia Federal inicialmente ter dito que as informações do cartão falso tinham sido retirados do comprovante de vacinação de uma enfermeira que teria sido imunizada em Cabeceiras, a mulher diz que os dois lotes mencionados (FF2591 e TG3529) nunca foram para a cidade.

“Não recebi esses lotes. Na hora que vi o cartão, entrei nos lotes pra ver se tinha recebido eles e não recebi”, conta a mulher, que em 2021 era a responsável por registrar os lotes de vacina contra a covid que chegavam.
Além dos erros apontados pelas profissionais da saúde municipal, é possível ver que o nome da farmacêutica BioNTech, que produz a vacina contra a covid junto com a Pfizer, está escrito com a grafia errada de “BioTech”.

Entenda 

De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação deflagrada pela Polícia Federal (PF), para a prática da suposta fraude, Farley foi acionado por seu tio, Luís Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid, que também é alvo da investigação da Polícia Federal. O médico foi acionado enquanto ainda prestava serviços para a prefeitura de Cabeceiras, em 2021.

Na ocasião, o médico teria conseguido um cartão de vacinação da Secretaria de Saúde do município de Cabeceiras, que estaria preenchido com duas doses de vacina contra a covid, com o nome de Gabriela Cid.

Segundo apurado pela Polícia Federal durante a investigação, mensagens de WhatsApp mostram que os dados da vacina que constam nesse cartão com o nome de Gabriela, como data, lote, fabricante e aplicador, foram retirados por Farley de um cartão de vacinação de uma enfermeira que teria sido vacinada na cidade de Cabeceiras.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, no dia 22 de novembro de 2021, às 19h11, foi feito o envio de um documento entre o tio de Farley, Luis Marcos dos Reis e Mauro Cid. A PF aponta que o arquivo consistia na digitalização de um “cartão de vacinação” do Sistema Único de Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do Governo de Goiás.

O cartão de vacinação, em nome de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, registra que a mulher teria recebido uma dose de vacina no dia 17 de agosto de 2021, do lote FF2591, e outra no dia 9 de novembro de 2021, do lote TG3529. Ambas as doses seriam produzidas pelo laboratório BioNtech. No campo de observações do cartão de vacina, é possível ver a assinatura e o carimbo de Farley.

Ainda de acordo com a polícia, além de entregar o cartão falso, Farley também entregou outro cartão em branco. Isso, porque o grupo não teria conseguido cadastrar o cartão anterior no sistema do Rio de Janeiro. Um print mostrou o médico pedindo um cartão em branco a uma das enfermeiras que teve o nome assinado no cartão fraudado de Gabriela Cid.



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