A Polícia Civil e a Brigada Militar deflagraram nesta quinta-feira (1º) uma operação contra um grupo suspeito de roubar cargas de cigarro em Porto Alegre e usar o dinheiro obtido com este tipo de crime para para comprar dezenas de armas, incluindo fuzis, para uma facção. São investigados ataques a ao menos sete furgões desde o início do ano, principalmente nas zonas Sul e Leste.
A polícia ainda apura o envolvimento do grupo em outros sete ataques. Foram identificados 15 suspeitos e cinco deles tiveram prisão preventiva decretada. Até as 7h, a operação levou a sete prisões, incluindo flagrantes.
Um suspeito, identificado pela polícia como principal alvo da operação, foi baleado em Alvorada.
— Durante abordagem ele empreendeu fuga e entrou em confronto com os policiais. Nesta intercorrência acabou baleado, mas nada demais. Nenhum policial ferido e o indivíduo já está sendo socorrido — relata delegado Eibert Neto, diretor de investigação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Os policiais cumprem também 19 mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e Alvorada, na Região Metropolitana, e em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Os helicópteros da BM e da Civil são utilizados. Os casos são apurados pela a Delegacia de Roubo de Cargas do Deic, chefiada pela delegada Isadora Galian.
De acordo com Isadora, os suspeitos integram uma facção, que tem base na zona sul da Capital, e migraram do tráfico para o roubo de cargas com o objetivo de capitalizar a venda de drogas e o comércio ilegal de armas.
Segundo ela, todos os roubos ocorreram entre fevereiro e abril deste ano em bairros como Vila Nova, Cristal e Cascata, na Zona Sul, e Lomba do Pinheiro, na Zona Leste. Os sete casos investigados causaram prejuízo de mais de R$ 200 mil.
— Durante a investigação, confirmamos que eles roubaram os cigarros e revenderam em pequenos comércios na periferia de Porto Alegre. Com o dinheiro obtido, compraram drogas e armas para atuar na guerra entre facções — diz a delegada.
O Deic ainda trabalha para identificar os receptadores dos produtos roubados, que serão alvo de outra investigação.
Segundo a polícia, a quadrilha abordava os furgões em paradas para entregas. Três ou quatro criminosos, em um carro, cometiam os roubos. Depois, os veículos eram levados para um local afastado e ocorria a transferência da carga. Em alguns dos casos investigados, o motorista do furgão roubado era levado como refém.
Um dos roubos foi registrado pelas câmeras de segurança de um dos veículos. Foi em março deste ano, no bairro Cascata. Os ladrões armados renderam dois funcionários de uma empresa e os forçaram a sair do furgão. Depois carregaram todos os pacotes para outro veículo.
Até agora, desde o início da investigação, o Deic localizou armas e cinco carros que teriam sido usados pelos criminosos.
O inquérito também levou a polícia a acessar diversas trocas de mensagens entre suspeitos. Estas conversas mostram que o dinheiro obtido com o roubo de cargas era usado para comprar mais armas, que os criminosos mostravam em fotos que trocavam.
Os nomes dos investigados não foram divulgados, mas a delegada Isadora revela que todos têm antecedentes criminais, por crimes como tráfico, receptação de veículos, ameaça, porte ilegal de arma e roubo de cargas, incluindo de cigarros. Dois dos suspeitos têm passagem pela polícia por homicídio — um deles é apontado como autor de seis assassinatos.
Fonte: GZH digital.