Desde o início do ano, mais de 100 pessoas foram atendidas no Brasil por ataques de abelhas, um aumento de 68% em relação ao mesmo período de 2002, segundo o Ministério da Saúde. O estado com maior número de internações é Minas Gerais. Em seguida aparecem São Paulo e Santa Catarina.
As mudanças climáticas e o desmatamento fizeram os casos de ataques de abelhas disparar no País. Os insetos se adaptaram ao meio urbano, e a falta de distribuição de árvores nas cidades acaba por concentrar as colmeias em um mesmo lugar. Vale lembrar que as abelhas são fundamentais para a polinização das flores e reprodução das plantas.
O ataque de abelhas tirou a vida de Emily Carolina Martins Timoteo, de cinco anos. Em março, Severino Paulo, de 47 anos, fazia uma trilha na região metropolitana do Recife quando foi atacado. Chegou a ser socorrido por moradores, mas morreu antes de ser atendido.
O especialista Henrique Paprocki explica que as abelhas mais comuns no Brasil são as africanizadas, espécie híbrida de origem africana e europeia. Elas costumam ser mais agressivas.
“Essas abelhas se espalharam por toda a América do Sul, então elas estão no campo e na cidade. Mas, na cidade, nós temos um adensamento de pessoas muito mair e é muito mais fácil que elas se sintam ameaçadas nesse ambiente urbano e ataquem as pessoas, do que no ambiente rural””, destaca o biólogo.
Apis mellifera
No Brasil, existem diversas espécies de abelhas nativas, muitas delas sem ferrão, que são essenciais para a reprodução das plantas cultivadas e formação de frutos usados na alimentação humana.
Estas espécies também são fundamentais para a polinização de plantas nativas, em áreas naturais. E como a biólogo contou acima, estes não são os insetos por trás dos ataques nas cidades.
A espécie responsável pelos ataques urbanos é a principal espécie utilizada para a criação e comercialização de produtos como mel e própolis. Ela não ocorria naturalmente no Brasil. A linhagem europeia desta espécie foi introduzida aqui em 1839, mas se adaptou ao clima tropical do país. Mais de 100 anos depois, em 1956, linhagens de Apis mellifera africanas foram trazidas para o Brasil.
O cruzamento acidental entre as duas subespécies levaram a novas populações, que herdaram características como maior tolerância ao clima e maior capacidade de defesa e de criação de ninhos em lugares variados. Todas essas características favoreceram a ocorrência destas abelhas nas cidades e, consequentemente, dos ataques.
Causas
As mudanças climáticas com mais dias secos e a redução das áreas verdes têm aumentado o risco de ataque. Segundo a bióloga e doutoranda Ingrid Gomes, especialista em abelhas, a ampliação do verde nas cidades pode ser uma boa saída para diminuir os ataques, além de deixar os insetos trabalharem com mais tranquilidade.
Ao observar uma colmeia, a recomendação é chamar os bombeiros em vez de tentar destruir a colônia. Os bombeiros reforçam que somente profissionais habilitados devem agir em ocorrências com abelhas.
“Se deparou com um ataque de abelhas, deve correr em silêncio e buscar um lugar seguro, um local fechado. E evitar que essas abelhas entrem nesse local”, pondera a capitã Thaise Rocha, do Corpo de Bombeiros.