Na segunda fase da Operação Quimera, a Polícia Civil está cumprindo mandados contra o tráfico de drogas em 21 locais relacionados a grupos criminosos envolvidos na expulsão de moradores de um condomínio em Viamão, Região Metropolitana de Porto Alegre. Esses locais, de acordo com a investigação, são utilizados para o armazenamento e comércio de entorpecentes e possuem vínculos com as facções responsáveis pela ocupação ilegal do condomínio.
A operação é uma continuação do inquérito iniciado em outubro de 2020, quando suspeitos foram presos por expulsar moradores do condomínio na Vila Augusta e utilizar os apartamentos para atividades relacionadas ao tráfico de drogas. Os mandados desta fase estão sendo cumpridos em locais próximos a esse condomínio, que são pontos de venda e armazenamento usados pelos grupos criminosos ao longo do tempo.
A investigação sobre a tomada de moradias dentro do condomínio está em andamento há três anos. Cerca de 240 famílias foram transferidas para o condomínio em 2019, com financiamento de aproximadamente R$ 50 milhões pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No início de 2020, surgiram informações sobre a presença do tráfico de drogas no local, que teria sido dividido entre quatro facções criminosas.
Durante o ano de 2020, a Brigada Militar e a Polícia Civil realizaram ações no condomínio, incluindo a Operação Quimera I. Após essa primeira fase, materiais foram apreendidos em celulares e computadores, que foram analisados pela polícia. Como resultado, 126 pessoas foram indiciadas como suspeitas de integrar as facções. A polícia solicitou a prisão de todos os investigados e cerca de 260 mandados de busca no condomínio, mas o pedido não foi aceito pelo Judiciário. Portanto, nesta quarta-feira, não estão sendo cumpridos mandados no residencial.
Durante as buscas realizadas hoje, foram encontradas duas armas em um dos locais próximos ao condomínio da Vila Augusta. Uma delas é uma espingarda calibre 22 e a outra é um fuzil calibre 556. Segundo o delegado responsável, o local servia como depósito de armamentos para uma das facções criminosas. Além disso, foram apreendidos um colete balístico e munição, e um homem foi preso em flagrante pelo armazenamento das armas.
Outro local alvo da operação teve a apreensão de drogas, incluindo cocaína, crack e maconha, cuja quantidade ainda não foi divulgada pela polícia.
Segundo o delegado, os grupos criminosos continuam atuando no condomínio e expulsando moradores. A polícia encontrou imagens de criminosos fazendo rondas dentro do condomínio nos aparelhos eletrônicos apreendidos. Em fevereiro deste ano, a síndica do condomínio também foi presa em flagrante por tráfico e associação ao tráfico de drogas.
Durante os três anos de investigação, a polícia mapeou e identificou os principais operadores das quatro facções criminosas responsáveis pelo controle do tráfico de drogas em Viamão. Um dos desafios enfrentados pela polícia dentro do condomínio foi a “lei do silêncio” imposta pelos moradores, muitos dos quais têm medo de denunciar as atividades criminosas por receio de represálias.
Os 126 indiciados na Operação Quimera foram denunciados pelo Ministério Público e o processo está em tramitação na vara especializada em crime organizado e lavagem de dinheiro de Porto Alegre.
Essa segunda fase da operação demonstra a continuidade dos esforços da polícia em combater o tráfico de drogas e as atividades criminosas relacionadas ao condomínio em Viamão. O objetivo é desmantelar as organizações criminosas responsáveis pela expulsão de moradores e utilizar os apartamentos como pontos de venda e armazenamento de entorpecentes. A polícia está dedicada a investigar e responsabilizar os envolvidos, garantindo a segurança e a tranquilidade da comunidade local.