28/09/2023 às 09h21min - Atualizada em 28/09/2023 às 09h21min

Polícia avalia novos pedidos de prisão em caso de clínica clandestina onde 19 homens viviam em cárcere privado

A Polícia Civil de Viamão avalia fazer novos pedidos de prisão e ampliar buscas relacionadas ao caso da clínica clandestina de onde foram libertados 19 homens que viviam em condição de cárcere privado.

O crime foi revelado no dia 31 de agosto, depois que uma pessoa avistou uma pedra embrulhada em um bilhete com pedido de socorro ser arremessada sobre o muro de uma casa, no bairro Tarumã.

 

“Isso demonstra a importância da pessoa ter a sensibilidade de perceber algo que não está bem e, diante disso, ter a coragem de denunciar, mesmo que de forma anônima. Neste caso, pessoas foram retiradas de uma situação muito complicada por conta da atenção de alguém que resolveu se importar”, pontua a delegada Jeiselaure de Souza, responsável pelo inquérito.

 

Três pessoas estão presas. Duas delas seriam proprietárias da clínica e a terceira executaria castigos e seria responsável pela vigilância dos internos. Jeiselaure explica que as identidades não serão divulgadas antes da conclusão das investigações e remessa do inquérito ao Poder Judiciário.

 

A delegada informa que, além do cárcere privado ao qual seriam submetidos os internos, estão sendo apurados crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Jeiselaure afirma que diligências estão sendo realizadas e diz que os resultados podem desencadear novos pedidos de prisão.

 

A suposta clínica teria como objetivo prestar apoio e tratamento a dependentes químicos, porém, não tinha licença para o tipo de atividade. O local foi interditado pela Vigilância Sanitária do município.

 

Um dos pontos em análise é a procedência dos medicamentos que seriam utilizados para controlar os internos. Em seus depoimentos, os resgatados descreveram aplicação de castigos físicos, aprisionamento com amarras e uso de medicamentos para "dopá-los" sem consentimento.

Medicação proibida inspira investigação sobre tráfico

 

Diversas destas medicações foram apreendidas no local. Na avaliação da polícia, estas provas dão sustentação à hipótese de tráfico e associação criminosa. Tratam-se de fármacos proscritos, ou seja, substâncias que, de acordo com a legislação brasileira, têm produção, fabricação, importação, exportação, comércio e uso proibidos.

 

Jeiselaure conta que, em seus depoimentos, os homens resgatados alegaram que eram "dopados", forçados a ingerir e até amarrados para que não resistissem contra a administração dos sedativos e tranquilizantes.

 

“Além disso, a administração dos fármacos era feita de forma indiscriminada, sem receita médica e sem qualquer tipo de supervisão de profissional de saúde”, relata.

 

A delegada ainda destaca que os pacientes eram mantidos no interior da casa, sob vigilância de um interno para o qual teria sido concedida a atribuição de segurança, e sob intimidação de um cão feroz que era colocado como obstáculo ao acesso para saída do local.

 

“A casa era cercada por um muro bastante alto, sem vista para a rua. Os internos eram subjugados por um outro interno a quem era dada a incumbência de vigiá-los e intimidados pela presença de um cachorro de grande porte que ficava solto no terreno. Estas pessoas sequer tinham acesso ao ambiente externo da propriedade. Mais depoimentos serão ouvidos”, finaliza Jeiselaure.

 

Foi sobre esta madrugada que o bilhete suplicando ajuda foi lançado e acabou sendo encontrado por um popular. Os internos resgatados foram acolhidos no sistema de assistência social e de saúde de Viamão.


Fonte: GZH.


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