11/03/2024 às 11h25min - Atualizada em 11/03/2024 às 11h25min

Nada santo: padre é condenado por assédio contra adolescente no RS

Um caso que se arrastava desde fevereiro de 2022, culminou com a sentença condenatória do Padre Vanderlei Barcelos de Borba, 51 anos, acusado de assédio cometido contra uma adolescente que foi funcionária da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Canela, onde era pároco.

As denúncias referiam assédio sexual e trabalho irregular. O processo judicial tramitou em segredo de Justiça, tendo sua decisão proferida pela Juíza Simone Ribeiro Chalela, da 2ª Vara Judicial da Comarca de Canela, proferida no último dia 1º.

Barcelos foi condenado a um ano, três meses e 29 dias em regime inicial aberto, mas apesar de apresentar antecedentes criminais, preencheu os requisitos de substituição de pena e deverá pagar cinco salários mínimos.

O sacerdote foi condenado pelo assédio a uma jovem de 17 anos,  à época, que trabalhou na secretaria da igreja, de junho de 2021 a fevereiro de 2022. Segundo a mãe da jovem, o sacerdote olhava para a menina de um jeito diferente, a elogiava repetidamente e proferia frases que poderiam ser interpretadas com segundas intenções, como “quero que você me veja como um homem, não como padre”, “gostaria de ter 20 anos para namorar você”, entre outras. Até que um dia, o padre puxou a menor pelo braço, encostando no seio dela – fato descrito no boletim de ocorrência realizado pela jovem e pela mãe, na Delegacia de Polícia Civil de Canela.

A mãe relata que as investidas do sacerdote eram frequentes, mas instruía a filha a enfrentá-lo. Uma noite, a menina chegou do trabalho chorando, muito abalada emocionalmente, e dizia não aguentar mais a importunação do padre. Momento em que a mãe decide confrontar o pároco. No dia seguinte, ela vai até o acusado para o questionar, e ele responde dizendo: manda me prender, eu sou padre.

A vítima, hoje com 19 anos, segue em tratamento psicológico, em razão dos traumas adquiridos pelo abuso, fato reconhecido pela Justiça na condenação: “não é preciso ser expert para verificar que a vítima apresentava fortes indícios de trauma emocional”.

A juíza Simone Chalela, na peça condenatória, relata que “a ocorrência dos fatos é incontroversa, já que o réu confessou que a vítima era ‘uma jovem bonita (mesmo sabendo que possuía apenas 16 anos) e que trocou beijos e carícias com ela’, ainda que seja fato público o dever de celibato atribuído aos sacerdotes da Igreja católica. Ou seja, tanto moral, quanto legalmente, não há que se falar que o réu estava apenas querendo ‘aproveitar a vida’, o que ocorreu, no caso em concreto, é crime”.

Além da questão do assédio, mãe e filha trabalhavam na Paróquia de forma irregular. A mãe era governanta e não possuía carteira assinada, já a filha, teve sua carteira assinada com um contrato de experiência, seis meses após trabalhar informalmente na secretaria da igreja. A mãe conta que ambas foram demitidas após terem confrontado Barcelos pelo seu comportamento.

Barcelos foi afastado da Paróquia de Canela em setembro de 2022, quando o caso foi revelado pela imprensa. Hoje, atua na paróquia de Rolante.

Quanto aos dois processos trabalhistas, um acordo judicial foi realizado com a Diocese de Novo Hamburgo, à qual pertence a Paroquia de Canela.

O padre poderá recorrer em liberdade, uma vez que a sentença é de 1º grau. Ao portal ABC Mais, do Vale dos Sinos, o padre relatou que considerou a sentença injusta e irá recorrer.




Créditos: ABC Mais.

 


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