A trágica enchente vem trazendo à tona mazelas sociais que atentam contra os princípios mais básicos da dignidade humana.
Entre os casos de abuso sexual contra vítimas desalojadas no Vale do Sinos, revelados nesta terça-feira (7) pela reportagem do portal ABC+, um deles se mostra ainda mais repulsivo a partir de relatos do Conselho Tutelar, que acolheu a vítima.
Uma menina de 10 anos, resgatada de área alagada em São Leopoldo, estava em abrigo em Novo Hamburgo com o “namorado” de 20 anos. O homem foi preso e solto. É investigado pelo crime de estupro de vulnerável. A coordenadora do abrigo, Roberta Soares Cornely, confirma o caso, que considera revoltante. Ela pontua, porém, que trata-se de estupro porque está previsto em lei. Veja:
A relação de abuso só foi descoberta na madrugada de terça-feira (7), porque o namorado brigou com um adolescente e o agrediu no abrigo, no ginásio da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), dos servidores da Brigada Militar, no bairro Rondônia. Houve tumulto e policiais foram chamados.
Foi constatado que o agressor estava com uma menina, que disse ter menos de 14 anos e afirmou ser “namorada” do suspeito. Ela detalhou que o relacionamento, inclusive com relações sexuais, começou há quase dois anos. A menina disse ainda que achava que estava grávida.
Após exame médico, abusador foi detido
No atendimento médico, foi averiguado que se tratava de uma criança de 10 anos e 10 meses, conforme o Conselho Tutelar. A gravidez foi descartada. O abusador, que havia sido levado ao abrigo da Fenac por causa dos distúrbios na Abamf, foi preso e levado à delegacia. Acabou sendo solto porque não havia documentos que comprovassem a idade de vulnerabilidade da menina.
A mãe dela e dois filhos pequenos, de 8 e 5 anos, foram encontrados pelo Conselho em outro abrigo de Novo Hamburgo. Segundo a entidade, a mulher confirmou que a filha mais velha tem 10 anos e admitiu saber que estava namorando.
Conforme o Conselho, como são da cidade vizinha, a vítima de estupro de vulnerável e os dois irmãos pequenos tiveram que ser encaminhados para acolhimento em São Leopoldo, onde estão desde a noite de terça.
Vítima não quer falar com a mãe e pai está desaparecido
Os conselheiros atenderam ao pedido da menina de não falar com a mãe, que seria usuária de crack. O pai teria desaparecido nas inundações. Pai e mãe teriam consentido o namoro da criança. Ela e o investigado usavam aliança de compromisso. E viviam como casal. Ele tem uma tatuagem com o nome da vítima.
Como o sistema de consultas integradas está fora do ar, a Polícia Civil aguarda a confirmação da idade da menina, por meios oficiais, para indiciar o “namorado”.
“Estamos trabalhando na hipótese mais grave, de estupro de vulnerável”, declara o titular da Delegacia Especializada no Atendimento a Mulher (Deam) de Novo Hamburgo, Adam Lauxen.
O delegado explica que a configuração do crime independe da vontade da vítima, em razão da idade inferior a catorze anos.
Créditos: ABC +.