O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou na madrugada desta segunda-feira (29/7) que o presidente Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais do país, mas os resultados foram contestados pela oposição, que disse ter havido fraude "grosseira" para modificar os números.
Segundo o presidente do CNE, Elvis Amoroso, Maduro obteve 51,2% dos votos, contra 44,2% do opositor Edmundo González, com 80% das urnas apuradas.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, de esquerda, mas crítico de Maduro, disse que não reconhecerá "nenhum resultado que não seja verificável".
Já o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, afirmou que é fundamental que sejam ouvidas "todas as vozes de todos os setores".
"É importante esclarecer todas as dúvidas sobre os resultados. Nós pedimos a contagem total de votos, sua verificação, e uma auditoria independente o mais rápido possível", escreveu no Twitter. "Os resultados eleitorais de um dia tão importante devem ter toda a credibilidade e legitimidade possíveis para o bem da região e, sobretudo, do povo venezuelano."
Estados Unidos - secretário de Estado, Antony Blinken
União Europeia - vice-presidente, Josep Borrell Fontelle
Reino Unido - Ministério das Relações Exteriores
Chile - presidente Gabriel Boric
Alemanha - Ministério das Relações Exteriores
Argentina - presidente Javier Milei
Uruguai - presidente Luis Lacalle Pou
Espanha - ministro das Relações Exteriores, José Manuel Albares
Itália - vice-primeiro-ministro, Antonio Tajani
Equador - presidente Daniel Noboa
Peru - ministro das Relações Exteriores, Javier Gonzalez-Olaecha
Colômbia - ministro das Relações Exteriores, Luis Gilberto Murillo
Guatemala - presidente Bernardo Arevalo
Panamá - presidente José Raúl Mulino
Costa Rica - presidente Rodrigo Chaves
O presidente da Argentina, Javier Milei, disse, antes dos resultados das eleições, que a Argentina não vai reconhecer "outra fraude" e que espera que as Forças Armadas, desta vez, "defendam a democracia e a vontade popular".
"Os venezuelanos escolheram acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro. Os dados anunciam uma vitória gigante da oposição e o mundo aguarda que reconheça a derrota depois de anos de socialismo, miséria, decadência e morte", escreveu Milei.
Maduro respondeu, chamando Milei de "bicho covarde", "traidor da pátria" e "fascista e nazista" em seu discurso após os resultados.
Na contramão, presidentes e autoridades de países como Rússia, China, Honduras, Cuba, Bolívia e Nicarágua, parabenizaram Maduro pela vitória.
O Brasil ainda não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem, e a posição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é aguardada com atenção.
Uma fonte próxima ao Planalto afirmou que o governo aguarda a divulgação de dados desagregados da apuração - e não apenas os resultados gerais - antes de se pronunciar.
Segundo especialistas consultados pela BBC Brasil antes da eleição, o país deve ter papel de destaque na política venezuelana nos próximos meses.
A princípio, a posse do novo presidente está marcada para janeiro, o que abre uma janela de mais de cinco meses entre a divulgação do resultado e a efetivação do vencedor na liderança.
“Esse período longo vai exigir de todos os países em torno, mas especialmente do Brasil como liderança regional, um cuidado muito grande na condução de uma mediação entre as partes”, afirma Carolina Silva Pedroso, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Fontes: BBC e G1.