"Negros e brancos precisam estar presentes em toda a comunicação social, formal, informal, oficial ou inoficial. Por esse motivo, é importante ver em telejornais, novelas e também na publicidade o elemento negro. Caso contrário, essa mídia não representa a miscigenação presente no país, sendo desconexa da realidade". Essa reflexão é do advogado e reitor da Universidade Zumbi dos Palmares José Vicente, convidado do Comitê de Produtos e Serviços, da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA).
A discussão envolveu comunicação e o meio corporativo como atores na busca pela igualdade racial. Contando com a participação de Associados e convidados, a proposta da ABMRA foi elucidar o papel dos profissionais de marketing no processo de equidade racial. "A Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial e a Mover (Movimento Empresas pela Equidade Racial), reúnem 150 empresas que combatem o racismo de dentro para fora e busca sanar os equívocos na gestão, além de auxiliar e incluir dimensões desse tema, inclusive determinando metas e estruturando processos e procedimentos para mudar esse cenário", informa José Vicente. "É um embrião, mas é algo concreto e construtivo".
As empresas participantes já investiram R$ 70 milhões nessa agenda, além de ter como meta contratar 10 mil gestores negros e alcançar a meta estipulada de, até 2030, ter 30% de negros em uma estrutura vertical (do cargo mais baixo ao mais alto).
Fernanda Ibañez, diretora da ABMRA e responsável pelo projeto 'Comitês ABMRA', destacou a importância do ambiente corporativo nas questões raciais. "Muitas vezes, nosso silêncio perante o racismo e a ausência de negros nas empresa contribuem para que esse modus operandi seja mantido. Então, talvez tenhamos de levantar bandeiras. A ABMRA é um fórum relevante para discutir a igualdade e colaborar com projetos já existentes e que buscam essa equidade".
O Coordenador do Comitê de Produtos e Serviços, Matheus Macedo, apresentou recorte da "8ª Pesquisa ABMRA: Hábitos do Produtor Rural", trazendo dados que auxiliam profissionais de marketing e suas agências a compreenderem melhor como pensam e agem seus públicos-alvo. Mesmo com o crescimento do consumo e da veiculação nos meios digitais, a tradicionalidade no consumo de informações ainda é presente nas propriedades rurais, de acordo com o estudo, que ouviu mais de 3 mil agricultores e criadores de animais de 15 estados. "Meios mais tradicionais de comunicação mantêm-se como essenciais. Um exemplo é o fato de 71% dos produtores terem o hábito de ouvir rádio".
A reunião do Comitê de Produtos e Serviços é exclusiva para associados da entidade e convidados especiais. Profissionais de empresas não associadas também podem participar para que conheçam a dinâmica dos Comitês ABMRA.