No próximo dia 16 celebramos dois anos de Pix, ou seja, dois anos de revolução do sistema de pagamento mais queridinho dos brasileiros. Os números impressionam: são mais de R$ 930 bilhões em volume transacionados, 779 instituições financeiras participantes e mais de 478,3 milhões de chaves cadastradas, sendo que 20,9 milhões de chaves correspondem a pessoas jurídicas.
De acordo com o diretor da ABFintechs e CEO da startup Iniciador, Marcelo Martins, o sucesso do pagamento se dá por trazer uma uma série de vantagens já aguardadas pelo consumidor como ter zero custo para pessoa física, funcionar 24 horas e ser rápido, com transações sendo realizadas em menos de 10 segundos.
“O PIX também trouxe inovações importantes como o Pix Saque e Pix Troco, que permitem realizar saque de papel moeda via método, e mais recentemente, a Iniciação de pagamento, em que o consumidor consegue pagar em e-commerces diretamente do PIX”, destaca. “Como próximo passo, é importante que tenhamos mais segurança com o PIX, o que será possível com a evolução dos sistemas de combate à fraude e melhoria do Mecanismo Especial de Devolução.”
O meio de pagamento contribuiu para o processo de disrupção e digitalização de vários setores. Confira a opinião de especialistas em E-commerce, Câmbio e Investimentos:
E-commerce e Social Commerce, por Leonardo Cecchetto CEO e fundador da Sync
Foi por causa do PIX que milhares de novas empreendedoras não precisavam mais criar sites profissionais em plataformas de e-commerce, pagando o que não podiam e sem nenhuma garantia de vendas, somente para poder receber pagamentos. Com o PIX, tornou-se plenamente possível vender usando somente o Instagram, Facebook, TikTok, WhatsApp, tudo conectado a um catálogo digital, em que o pagamento acontece no WhatsApp com PIX.
Durante os primeiros meses de pandemia da COVID-19, marcas como Natura, Avon, Jequiti e Boticário passaram a adotar de forma apressada catálogos digitais, já que a venda porta-a-porta não era mais possível. Assim que o PIX chegou, a adoção desses catálogos pelas revendedores aumentou ainda mais, por ter se tornado mais fácil para os clientes "fazerem o PIX".
Agora grande parcela da população já tem uma conta bancária digital, acabou com as tarifas abusivas e a demora na transação do dinheiro. Ficou mais fácil transacionar de forma online, e isso impactou milhões de pequenos negócios online no Brasil. O pequeno empreendedor não precisa perder de 2% a 4% do seu faturamento em tarifas das adquirentes, e muito menos esperar 14 dias para que este dinheiro esteja na sua conta.
Câmbio, por Caio Pilato fundador e CEO da Wecambio
Para o setor de câmbio, a agilidade falou mais alto. Nos recebimentos do exterior conseguimos realizar os pagamentos durante o dia e não somente nos horários de corte como acontecia. Para os envios conforme citado acima, trouxe um conforto maior para a mesa de câmbio e até ganhos financeiros, pois se recebemos os reais dos clientes antes do combinado, trabalhamos com esse recurso em aplicação e cumprimos a data combinada previamente com os clientes assim rentabilizando ainda mais a operação.
Antes, emitíamos boletos com códigos de barras que eram cobrados pelo banco emissor e demoravam até dois dias para compensação, e hoje, emitimos boletos de pagamento via sistema automaticamente com o Qr code, facilitando ainda mais o processo de recebimentos dos reais e reduzindo drasticamente o custo dos boletos antigos com códigos de barras.
Para o futuro, nossa aposta principal dessa revolução é o pix internacional. A tecnologia está sendo estudada pelo Bacen facilitaria muito o processo de envio de dinheiro, pois hoje para quem não entende os códigos e nomenclaturas envolvidos no processo (SWIFT, ABA, ROUTING, ACH, IBAN, entre outros) pode ser confuso e difícil.
Finanças e Investimentos, pelos especialistas Daniel Carraretto e Danilo Gato
No setor financeiro, o resultado foi a maior fluidez do dinheiro, a redução do uso de transferências tradicionais e a quase eliminação do uso de dinheiro papel, conta Carraretto. Já Danilo Gato explica que “o Pix permitiu ao investidor transferir dinheiro da sua conta corrente para a corretora sem custos. O custo de transação pode parecer irrelevante, mas levando em consideração que muitos investidores investem quantias mais módicas mensalmente, como R$ 100, por exemplo, uma taxa de transação de R$10 faria com que o investimento precisasse render aproximadamente 10% no ano só pra pagar esse custo. Com o Pix isso não acontece mais. Além disso, para investidores que fazem operações especulativas de curto prazo, é importantíssimo pode mover as quantias de forma rápida para não perder oportunidades.”
Para os próximos anos, os especialistas concordam que a funcionalidade do Pix internacional, que deve baratear muito transações para fora do país quando for implementado. Vai ajudar muito investidores que querem investir no exterior porque as taxas de câmbio são alguns dos maiores custos que dificultam esse tipo de investimento.