05/12/2022 às 09h25min - Atualizada em 06/12/2022 às 00h00min
Desafios econômicos e políticos brasileiros em 2023
SALA DA NOTÍCIA Conceito Noticias
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Valterci Santos O Brasil finaliza 2022 num palco que divide manifestações e comemorações. Incertezas e esperanças. A mudança política após as eleições de outubro, como em todo pleito eleitoral, traz incertezas sobre o novo mandato, não somente nas questões políticas, mas também econômicas, sociais e tributárias. É fato que o mundo vem desacelerando no crescimento. Segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio) o comércio global deverá crescer apenas 1% em 2023, o que representa uma desaceleração comparada à previsão de 2022, de 3,5%. A organização também prevê que as taxas de cambio no mercado aumentará para 2,3% em 2023. “Esse será um dos grandes desafios que o novo governo enfrentará, mas também uma grande oportunidade de crescimento”, alerta o diretor geral da JValério Gestão e Desenvolvimento. “A instabilidade internacional colocará uma pressão sob o novo governo, com aumento de taxas de juros, cenários de incertezas. Ao mesmo tempo, o Brasil é um mercado alternativo, neutro e que pode ser protagonista em investimentos internacionais”, salienta. Já Bruno Carraza, professor da Fundação Dom Cabral alerta que o cenário que o presidente eleito enfrentará é muito diferente do que vivenciou há 20 anos, em 2002. “Nos mandatos anteriores o mundo estava no início de um grande crescimento, de expansão. Vivíamos os benefícios da globalização, da popularização da internet. O contexto internacional na época era de uma economia puxada pela China”, relembra. Tanto no primeiro quanto no segundo mandato, o presidente Lula podia usufruir desse contexto global favorável, pois vivia-se uma estabilidade geopolítica. “O contexto atual é diferente. A economia mundial vive na incerteza e insegurança, oriundos da pós pandemia que ainda gera inúmeros problemas logísticos mundiais. Outro fator agravante é a guerra Ucrania x Russia que não tem previsão de término, gerando aumento de preços das commodities”, explica Carraza. Mas quando pensamos nas empresas brasileiras e na postura do empresariado frente a crise, as expectativas são mais positivas. “Há diferenças marcantes e visões completamente diferentes entre o governo Lula e Bolsonaro, e isso é notório. Essa diferenciação faz com que o governo que assumirá em 2023 tenha um protagonismo maior em determinadas áreas, como por exemplo, utilize de maneira mais ativa os bancos públicos, estimulando assim, créditos na economia”, ressalta o professor. Clodoaldo acredita também num resgate da credibilidade internacional pelo foco que o governo passa a dar no tema sustentabilidade. “Vimos pela presença na COP 27, onde o uso da questão ambiental irá estimular a economia, seja via acesso a mercados internacionais destravando acordos ou pela atração de investimentos para o país”, complementa. Tributação no Brasil: O que esperar para 2023? Nos últimos meses em todos os setores já escutamos: “vamos embora do Brasil”, ou ainda “vou trabalhar para mandar meus filhos estudarem fora do país”. Se você ainda não escutou isso, é porque você não vive no Brasil pós eleição de 2022. O país está dividido entre os que acreditam em uma melhoria e dos que são terminantemente contra o novo governo. Fato é que, independente da crença no governo, a carga tributária irá aumentar significativamente, pois o país hoje encontra-se num déficit publico muito grande e o próximo governo precisa gerar caixa. Com o aumento da carga tributária, aumenta também os riscos empresariais. “As empresas que souberem entender o seu mercado no momento da crise, são as empresas que mais crescem. É hora de parar, pensar e não ousar”, alerta Lucas Ribeiro, Fundador e CEO da ROIT. Segundo ele ainda, o Brasil é um bom mercado para investimentos estrangeiros, no entanto hoje encontra-se numa instabilidade jurídica. “Os ajustes dos próximos meses representarão a quantidade de investimentos que o Brasil conseguirá para alavancar a economia”, pontua. Clodoaldo ainda ressalta que o Brasil é um país de grandes oportunidades, “precisamos ter sensibilidade para os mercados em crescimento”, finaliza.