23/12/2022 às 11h03min - Atualizada em 25/12/2022 às 00h01min

Brasil pode transformar quase metade do lixo urbano em energia elétrica, afirma ABREN

Levantamento realizado pela entidade aponta que as 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes têm potencial para transformar mais de 38 milhões de toneladas de lixo em energia anualmente

SALA DA NOTÍCIA Assessoria de comunicação ABREN
O Brasil produz cerca de 82 milhões de toneladas de lixo por ano, segundo dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PLANARES) referentes a 2021. Desse total, cerca de 40 milhões de toneladas (quase 48%) são geradas somente nas 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes. Porém, se considerarmos este último dado, pouco mais de 4% é reciclado e compostado, enquanto o restante (96%) é depositado em aterros sanitários ou lixões a céu aberto.

Assim, somente nas 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes, seriam cerca de 38 milhões de toneladas de fração não reciclável do lixo que poderiam ter uma destinação ambientalmente mais adequada e se tornar energia elétrica para a população. Seriam mais de 120 milhões de brasileiros beneficiados pela correta destinação dos resíduos e da energia proveniente destes até 2040.

É o que aponta um estudo da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) sobre o potencial brasileiro para gerar energia a partir do lixo para as 28 regiões metropolitanas do Brasil.

De acordo com Yuri Schmitke, presidente da ABREN, “a recuperação energética de resíduos, técnica que transforma o lixo em energia a partir da destruição térmica, pode contribuir para que o Brasil dê um destino ambientalmente mais correto à fração não reciclável dos resíduos sólidos urbanos (RSU), garantindo assim uma solução que contribua com o saneamento básico e, ao mesmo tempo, com a geração de energia elétrica. O estudo produzido pela ABREN evidencia esses benefícios”.

O PLANARES possui uma meta de 34%, bem acima dos valores atuais, referente à taxa de reciclagem e tratamento biológico para 2040, ano em que o Brasil deve gerar cerca de 100 milhões de toneladas de lixo. Considerando os desafios para que o país atinja esse índice de reciclagem e tratamento orgânico (que correspondem a um incremento em capacidade de processamento de 33 milhões de toneladas por ano), restariam ainda cerca de 66%, ou 66 milhões de toneladas de lixo, que deveriam ser destinados à recuperação energética, conforme priorizado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). De acordo com a política, somente rejeitos (resíduos tratados) podem ser destinados a aterros sanitários, quando houver viabilidade econômica de outros processos de recuperação.

Segundo Flávio Matos, conselheiro da ABREN, “a recuperação energética é uma prática utilizada há muitos anos na Europa e na Ásia, por exemplo, mas ainda é uma novidade no Brasil. A primeira Usina de Recuperação Energética está em construção em Barueri (SP), e menos de dez projetos estão em desenvolvimento, o que é pouco para um país com um potencial tão grande. O estudo mostra que mais de 40 milhões de residências podem ter sua energia gerada a partir do lixo no Brasil em 2040, mas todo esse potencial não pode ficar só no papel”.

O projeto de uma URE, além dos benefícios citados, colabora também com a economia circular, pois auxilia na gestão mais eficiente dos recursos naturais existentes e otimiza o ciclo de reciclagem, contribuindo também com os coletores de materiais recicláveis.
 
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