O indicador de inadimplência de Belo Horizonte registrou crescimento de 1,83% no mês de novembro em comparação a outubro. De acordo com o levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), o percentual de endividamento cresceu por fatores como a capacidade de pagamento das famílias, a elevação contínua da taxa de juros e a baixa da média salarial. “Todos esses índices colaboraram para que o belo-horizontino não mantivesse a saúde financeira em dia e retornasse ao cadastro de negativados”, explica o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
O dirigente aconselha ainda que para eliminar ou diminuir o endividamento, o consumidor deve priorizar a negociação de dívidas, aproveitando os recursos extras, como o 13° salário, para quitar os débitos e retomar a utilização do crédito de forma consciente.
A análise do comparativo anual (nov.22/nov.21) aponta que o indicador de inadimplência está em 7,95%. Em novembro do último ano, o índice estava em 2%. O crescimento concentrou-se, especialmente, no aumento de inclusões de devedores com um tempo médio de inadimplência de 91 a 180 dias. “Esse dado nos diz que aumentou o número de devedores reincidentes, que são aqueles que já possuíam dívidas. Isso demonstra que mais consumidores estão devendo e com dificuldade em manter o pagamento das dívidas em dia”, explica Marcelo de Souza e Silva.
O ciclo de inadimplência de 2022, de janeiro a novembro, mostra que o endividamento das famílias cresceu até setembro e, em outubro, houve um leve recuo. Já o indicador anual (nov.22/nov 21) aponta uma inadimplência alta, mas em função das medidas de incentivo realizadas pelo governo federal, houve melhora na capacidade de pagamento das famílias, com destaque para a desaceleração da inflação, que aliviou a tendência de crescimento do endividamento das famílias mineiras.
Quem está devendo?
No mês de novembro, os idosos entre 65 e 99 anos representaram a maioria dos inadimplentes de Belo Horizonte (37,88%). Os jovens adultos, de 18 a 29 anos, concentraram 6,89% das contas em atraso.
O período também computou uma inadimplência alta para ambos os gêneros, seguindo o mesmo padrão dos últimos meses. Homens representam 6,80% e mulheres, 6,52%. Os dados mostram que ambos possuem um índice de negativação alto, porém os homens apresentaram uma diferença de 0,28 p.p a mais que as mulheres no mês analisado.
Dívidas por CPF
Em relação ao número de dívidas por CPF, o mês de novembro obteve o maior valor na base mensal do ano de 2022, com 2,67%. O crescimento foi consequência da alta taxa de juros que fez com que os valores dos contratos aumentassem e também impôs restrições nas negociações. “Mesmo negociando as dívidas, os consumidores tiveram dificuldades em manter os pagamentos, gerando uma reincidência dos seus contratos e com nova cobrança de juros, o que atrapalha a quitação e a manutenção dos pagamentos em dia”, afirma o presidente da CDL/BH.
O número de dívidas registrado por CPF em novembro cresceu em 16,23% em comparação ao mesmo mês do ano anterior (2021). Em relação a outubro (2022), aumentou em 8,5% o número de dívidas por CPF, o tempo médio de atraso da dívida cresceu e está entre 91 e 180 dias (13,4%). Isto demonstra que o nível de endividamento dos consumidores está aumentando, as famílias estão com dificuldades para quitar seus contratos, o que demonstra uma piora na capacidade de pagamento.
Na análise do ano corrente (jan. 22/nov. 22), o mês de março foi o que apresentou o melhor número na retração do número de dívidas por CPF, com um recuo de 1,24%, em função da antecipação do 13° salário dos aposentados que, à época, era a faixa etária com mais contas em atraso.
Neste recorte, o grupo populacional entre 18 e 29 anos registrou o maior número de dívidas, com 41,94%. Já as pessoas entre 50 e 64 anos tiveram a menor quantidade de débitos por CPF, com 9,37%. De acordo com o levantamento da CDL/BH, essa ampliação do número de dívidas entre os jovens adultos cresceu em função dos contratos inadimplentes dos créditos educativos, custos do cartão de crédito e alta taxa de juros vigente, o que dificulta a negociação do financiamento estudantil e demais contratos.
Inadimplência cresceu entre as empresas
As empresas da capital mineira também estão devendo mais. No mês de novembro, a inadimplência entre as pessoas jurídicas registrou alta de 1,89%. Esse valor representa um crescimento em relação ao mês de outubro, em torno de 54%, quanto o indicador ficou em 0,67%.
No que se refere à comparação anual (nov. 22/nov.21), os registros de CNPJs inadimplentes estavam em 8%. Em comparação a outubro, houve um crescimento de 19%, quando o índice estava em 6,70%.
Dívidas por CNPJ
Na análise mensal (nov.22/out.22), houve um aumento no volume de dívidas em mais de 28%. Na comparação anual (nov. 22/ nov. 21), mesmo sendo uma base comparativa fraca, o volume de dívidas para o período subiu, sendo que em novembro deste ano, registrou-se 1,64% e, em novembro passado, 0,46%, o número de dívidas por empresa. “A atividade econômica ainda enfraquecida prejudica o faturamento das empresas e, consequentemente, a sua capacidade de pagamento”, explica Marcelo de Souza e Silva.
No mês de novembro, o setor de Comércio foi o que teve o menor número de dívidas, com retração de 3,44%. Em contrapartida, a Agricultura e os Serviços acumularam o maior número de devedores, com 11,76% e 7,58%, respectivamente.
As atividades que concentraram as principais dívidas das empresas em novembro foram Água e Luz (40,31%), Comunicação (5,53%) e Bancos (5,43%).