O carrapato-do-boi veio do continente asiático e seu nome cientifico é Rhipicephalus microplus. A praga afeta a pecuária e traz uma grande perda econômica. Informações da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) revelam que os prejuízos trazidos pela infestação no rebanho passam dos R$ 12 bilhões por ano. As perdas estão relacionadas principalmente a interferência que o carrapato causa no ganho de peso do animal, na queda na produção de leite, no dano do couro e na transmissão de doenças, como a tristeza parasitária bovina (TPB), que pode levar o animal a óbito.
Diante deste cenário, a Decoy Smart Control, desenvolvedora de soluções biológicas para controle de pragas, orienta como realizar um controle eficiente para reduzir estes prejuízos. Para isso, é necessário primeiro conhecer o ciclo de vida do carrapato e os fatores que interferem no seu desenvolvimento. De acordo com o CEO da empresa, Lucas von Zuben, são dois estágios que dividem a vida do carrapato. “As fases são a de vida livre e a parasitária. Uma curiosidade é que o parasita apresenta apenas um hospedeiro durante sua vida, que geralmente é o boi”, afirma
A fase de vida livre inicia quando a fêmea do carrapato fecundada e ingurgitada (cheia de ovos) se desprende do animal hospedeiro e cai no pasto. A partir disso, ela entra na fase “pré-postura”, ou seja, fase anterior a liberação dos ovos, que dura cerca de dois a cinco dias. É neste período que ocorre a produção e maturação dos ovos. Depois, a fêmea inicia a postura dos ovos, que dura em média um período de 17 dias. “Uma fêmea pode colocar o impressionante número de 3 mil ovos, o que acarreta que a grande maioria dos carrapatos esteja no solo e não no animal. No momento da eclosão dos ovos, saem as larvas, que apresentam uma coloração avermelhada bastante característica. São conhecidas como larvas infestantes, popularmente chamadas de micuins”, explica Lucas.
Para as larvas desenvolverem, elas precisam de um hospedeiro e, por isso, se agrupam na ponta da pastagem e esperam algum animal passar. Quando isto ocorre, se fixam no hospedeiro e começam a se desenvolver. E é assim que os carrapatos infesta o rebanho. A fase de vida livre dura cerca de 30 dias, mas de acordo com as condições ambientais de temperatura e umidade, pode chegar até 300 dias. Esta diferença ocorre de acordo com a variação de fatores ligados à temperatura e umidade. Quanto maior a temperatura e umidade, mais rápido o ciclo ocorre, e maior o número de carrapatos.
Já a fase parasitária ocorre quando as larvas se fixam no hospedeiro. Inicialmente, elas procuram locais onde a pele do bovino é mais fina, com maior vascularização, proteção contra autolimpeza e mais fácil de se fixar. Portanto é comum encontrar os carrapatos em regiões como a barbela, úberes e entre as pernas do animal. “Após se desenvolver de quatro a sete dias no corpo do hospedeiro, a larva parasitária se torna uma ninfa, que dará origem ao adulto. Quando adultos realizam a cópula e após a fêmea ser fecundada, ela se alimenta, ingurgita e se desprende do animal, dando início a um novo ciclo de vida livre”, esclarece von Zuben.
Ilustração do ciclo
O período que vai desde a primeira infecção da larva no hospedeiro, até a queda da fêmea, dura em média 21 dias. Nesta fase, por estarem aderidos ao corpo do animal, que possui uma temperatura constante, os carrapatos são menos afetados por condições ambientais, por isso, o ciclo não sofre com variações.
“É fundamental entender este processo do ciclo de vida para realizar o melhor manejo do parasita. O sucesso e eficiência no controle vai resultar em um número zero ou muito reduzido de danos, melhor eficiência e maior produtividade dos animais”, conclui Lucas.