A advogada Marinete da Silva, 71 anos, mãe da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, disse nesta sexta-feira, em entrevista à Agência Brasil, ser contrária à intenção do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, de instaurar um novo inquérito na Polícia Federal para colaborar com as investigações sobre o duplo assassinato, federalizando o caso.
“Não interessa para família, para mim. O crime foi no Rio de Janeiro. Acho que a Polícia Federal tem que estar junto, como sempre esteve. Muito mais agora com o [ministro Flávio] Dino. Mas a solução tem que partir do Rio de Janeiro. Foi lá que o crime aconteceu. O governo tem que dar uma resposta para mim, para a família, para a sociedade, para os eleitores da Marielle. Fui contra a federalização e fiz a campanha”.
A mobilização Federalização Não teve apoio de mais de 150 mil pessoas e 200 organizações da sociedade civil.
Prisão preventiva
As investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do estado apontaram o sargento reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro Ronnie Lessa como um dos autores dos tiros, com a colaboração do ex-policial militar Élcio Queiroz.
Desde 2019, os dois estão presos preventivamente e respondem por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima) e pela tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle, sobrevivente do crime e que também estava no veículo alvejado.
A família de Marinete aguarda o júri popular, ainda sem data definida, a que deve ser submetido Ronnie Lessa. “Esses homens estão há quase 4 anos presos. Esse júri precisa ser feito. Eles precisam ser condenados. Eles não podem matar filho de ninguém. Tem que haver uma punição para isso”, disse a mãe da vereadora.
Os crimes completarão cinco anos na próxima terça-feira (14) e ainda não foram apontados os mandantes, nem as motivações das duas execuções. “É um processo grande, que traz muitos requisitos e precisam ser revistos. A gente está na terceira equipe dentro do Ministério Público [do Rio de Janeiro], no quinto delegado da Polícia Civil [do Rio de Janeiro]. Cinco anos é muito tempo. Meia década!”