O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou a quebra de sigilo dos processos relativos às Lojas Americanas. A empresa entrou em recuperação judicial em janeiro deste ano após anunciar um rombo contábil de mais de R$ 20 bilhões, que pode até passar dos R$ 40 bilhões.
A decisão do juiz Paulo Assed Estefan permite que credores e pessoas que tenham interesse consigam acessar os processos. Além da quebra de sigilo, o magistrado determinou que a Justiça cadastre todos os advogados habilitados pelos credores das Lojas Americanas.
A medida permite que os advogados sejam intimados e possam acompanhar as decisões proferidas nos autos dos processos.
Banco Central
O Banco Central (BC) reconheceu que a crise da Americanas afetou a rentabilidade do sistema financeiro nacional. Segundo a autarquia, um “evento relacionado a empresa de grande porte” fez os bancos elevarem suas provisões e levou a uma deterioração nos preços de ativos no mercado de títulos privados.
Para analistas, isso reforça a percepção de que o BC pode começar a reduzir a Taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano, já em meados deste ano.
A referência à crise na Americanas — ainda que o nome da varejista não seja citado — consta da ata do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), responsável por avaliar a saúde do sistema financeiro.
O mercado de crédito privado ficou mais restrito, e a crise em várias empresas, principalmente a Americanas, é um dos fatores por trás disso. Em fevereiro o volume de debêntures (títulos de crédito privado) foi de apenas R$ 6,63 bilhões. É um tombo de 64% frente aos R$ 18,69 bilhões captados em janeiro.
A agência de notícias Bloomberg, por sua vez, apontou uma onda de resgates em fundos de crédito brasileiros na esteira da crise da Americanas.
Segundo estimativas do Itaú BBA, diz a Bloomberg, os investidores retiraram cerca de R$ 66 bilhões líquidos de fundos locais com pelo menos 15% de sua carteira investida em crédito privado entre 12 de janeiro — um dia após o anúncio das “inconsistências contábeis” na empresa — e 2 de março. O total de ativos sob gestão nesses fundos ultrapassa R$ 1 trilhão.