O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (3), que o colapso do Silicon Valley Bank (SVB), o maior banco americano a quebrar desde a crise de 2008, não parece suficiente para gerar uma crise sistêmica. Mesmo assim, o ministro reconheceu que ainda não há informações suficientes para dimensionar o problema criado pelo episódio.
“Eu não sei se ele vai gerar uma crise sistêmica. Aparentemente, não. Não vi ninguém ainda tratar desse episódio como um Lehman Brothers, mas o fato é que é grave o que aconteceu”, disse Haddad.
O ministro acrescentou que a reação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) à quebra do SVB foi positiva para garantir os depositantes e evitar uma corrida bancária. Haddad lembrou ainda que o SVB é um banco regional, com carteira descasada.
Banco Central
Haddad relatou ter passado o fim de semana conversando com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e com bancos brasileiros para colher a percepção de risco. O ministro aguarda a volta do dirigente do BIS para discutir sobre o tema.
“Precisa ver se a autoridade monetária do Brasil vai ter de tomar alguma providência em virtude dos efeitos sobre as economias periféricas. Isso não está claro ainda, é o que vamos acompanhar ao longo do dia”, afirmou.
O ministro aguarda a volta de Campos Neto da Suíça, onde está em reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS) para discutir o tema. Além disso, ele assume como presidente do Conselho Consultivo das Américas (CCA), do BIS.
Entenda
Na última sexta-feira (10), o principal banco para startups de tecnologia dos EUA, o Sillicon Valey Bank (SVB), se desfez rapidamente, deixando seus clientes e investidores no limbo. O colapso levou à aquisição da empresa por reguladores federais do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), e ao temor de que a falência do banco poderia contagiar o sistema bancário.
O SVB era especializado no segmento de startups e empresas de tecnologia, e ficou sem caixa após uma corrida de saques de clientes. Oficialmente, o banco foi a maior instituição financeira dos EUA a entrar em falência desde o caso do Lehman Brothers, de 2008. Na ocasião, a derrocada do banco criou uma crise no setor de hipotecas americano.