O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, tem defendido em reuniões fechadas com aliados que a Diretoria de Governança e Conformidade, criada em 2014 para evitar casos de fraudes e desvios de recursos, é um entulho da Operação Lava-Jato e engessa a administração da estatal. Prates critica principalmente a prerrogativa de que a diretoria dispõe de vetar projetos da empresa antes de serem encaminhados para a análise do Conselho de Administração (CA). A atribuição, segundo ele, tornou a área mais influente do que estruturas análogas existentes em outras companhias. Assim, o presidente cogita rebaixá-la ao status de cargo executivo vinculado à área jurídica ou ao CA.
A diretoria de Governança e Conformidade é a única que não foi incluída no programa de reestruturação em curso na Petrobras, o que foi interpretado por executivos como um sinal de que passará por alterações.
Questionada, a assessoria da companhia informou que encomendou um estudo sobre as práticas as melhores práticas de controle interno no mercado. “Áreas de compliance em geral não são funções estatutárias”, disse. “O mais comum é ter um executivo independente da gestão, vinculado à área jurídica ou vinculado diretamente ao Conselho de Administração”.
A estatal afirmou, porém, que não pretende fazer alterações antes do fim do mandato do atual diretor, Salvador Dahan, com o fim previsto para maio, e que “eventuais mudanças seguirão todo o rito de aprovação previsto na regra vigente e serão comunicadas ao mercado”.
Pessoas próximas ao presidente da Petrobras avaliam que, antes de efetuar a alteração, Jean Paul quer deter o controle sobre o conselho, com a nomeação dos indicados pelo atual governo.
A ideia tem respaldo de sindicalistas, segmento próximo do PT. “(A diretoria) gerou nicho de mercado para pessoas ligadas ao lavajatismo dentro da companhia. Pode ser um staff ou uma gerência ligada à presidência, mas uma diretoria é um exagero”, diz o presidente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
Dahan ocupa o cargo desde 2021 e, antes de ir para a petroleira, comandou as áreas de controle no Grupo Gerdau e na Nissan. A escolha é feita pelo conselho a partir de uma lista tríplice elaborada por uma empresa de recrutamento independente.