Fonte constante de notícias negativas ao governo, o Ministério da Previdência de Carlos Lupi deve virar notícia nos próximos dias por outro dado preocupante: a fila na perícia médica do INSS. O órgão vinculado à pasta do ministro pedetista vive um quase apagão gerencial. Em todo o Brasil, 996.867 pessoas esperam pela realização de perícia médica para começar a receber benefícios.
Esses quase 1 milhão de brasileiros aguardam perícia por diferentes razões, desde Benefício de Prestação Continuada (BPC) a auxílios por incapacidades e pensão por morte, por exemplo.
Número é 20% maior que no mesmo período do ano passado e o maior em quatro anos. Em março de 2020, eram 726.894 brasileiros aguardando perícia — foi quando os agendamentos pararam por conta da pandemia. No mesmo mês em 2021, o número caiu para pouco mais de 635 mil pessoas. Em março do ano passado, o número voltou a crescer e ultrapassou 828 mil.
Segundo a presidente do Instituto Brasileiro de Previdência Social (IBDP), Adriane Bramante, o aumento se deve ainda a consequências da pandemia. O INSS trabalha com o acúmulo de pedidos gerado durante os meses mais agudos da covid em 2020, quando as perícias pararam, além do fato que a pandemia fez com que aumentasse também o número de benefícios pedidos.
Outro fator que explica esse aumento na fila das perícias é o próprio sistema do INSS. “O Dataprev é extremamente ruim. No último dia 10 de março, por exemplo, ele travou e parou. Todas as pessoas que tinham perícia agendada para aquele dia tiveram que reagendar e terão que esperar uma nova data de perícia. Isso deixa a fila ainda maior”, explica a presidente do IBDP.
Dataprev
Fontes do Ministério da Previdência dizem que os sistemas de agendamento de consultas simplesmente não funcionam e que as ações para reparar tais falhas estão travadas na Casa Civil de Rui Costa.
“Já foram remarcadas mais de 150 mil perícias em março, por causa da falência dos sistemas Dataprev/INSS”, diz um interlocutor da Previdência. “Se, antes dos problemas, a fila já era de 600.000 pessoas, agora está quase em 800.000 e vai chegar a um milhão”, segue a mesma fonte.
Média nacional
No Brasil, a cada 100 mil habitantes, 566 estão na fila da perícia médica do INSS. Os estados com os maiores índices são Piauí, com 1.320 pessoas na fila a cada 100 mil habitantes; Alagoas, com 1.153; e Rondônia, com 1.023.
Além destas, outras sete unidades da Federação também têm índice acima da média nacional. São elas: Sergipe, Mato Grosso, Ceará, Tocantins, Distrito Federal, Maranhão e Bahia.
Segundo o ministério, os estados apontados pela reportagem estão entre os que têm maior déficit de peritos e, por isso, serão priorizados durante os mutirões – em breve, devem ser anunciadas mais informações sobre essas medidas.