Após a demissão do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), defendeu a criação da CPMI dos Atos Golpistas.
Até então, o governo vinha resistindo ao pedido de criação da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI), reivindicado pela oposição.
“Nós queremos a leitura desse requerimento de CPMI. Vamos para essa investigação e vamos com força”, afirmou o senador Rodrigues no plenário do Senado. “Queremos porque no 8 de janeiro tivemos três vítimas nesse país: a República, a democracia e o atual governo. Não fomos os algozes do 8 de janeiro, nós somos as vítimas”, concluiu.
Obstrução
A fala do senador foi feita durante sessão ordinária do plenário do Senado, nessa quarta-feira (18), enquanto a oposição obstruía as pautas previstas para votação. A obstrução é um dispositivo utilizado pelos parlamentares para evitar que matérias que estão em pauta sejam votadas.
A obstrução foi anunciada pelo líder do Partido Liberal (PL), Carlos Portinho (PL-RJ), como forma de protesto ao adiamento da sessão do Congresso Nacional que ocorreria na terça (18) e tinha como pauta a leitura da criação da CPMI.
Seguindo o PL, os líderes do Partido Progressista (PP), Republicanos e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) também anunciaram a obstrução da pauta.
Durante todo o dia, votações na Câmara e no Senado foram obstruídas pela oposição em resposta à decisão de Pacheco de adiar a leitura do requerimento de criação da CPI mista, apresentado pelo deputado André Fernandes (PL-CE).
Ao mesmo tempo, enquanto os novos vídeos da invasão ao Palácio do Planalto eram divulgados, lideranças contrárias ao governo Lula iniciaram nas redes sociais um movimento de pressão para forçar a leitura do pedido.
Adiamento
Na terça, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), adiou para o dia 26 de abril a sessão do Congresso que estava prevista para a realização da leitura do pedido de CPMI.
A decisão do adiamento foi tomada durante reunião de líderes partidários e atende a um pedido de parlamentares aliados ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A base aliada ao governo criticava nos últimos meses a iniciativa encampada por lideranças da oposição.
Inicialmente, parlamentares aliados a Lula chegaram a assinar e declarar apoio a uma investigação parlamentar dos ataques, mas retiraram após avaliações divergentes de ministros e do próprio presidente.
A justificativa dada por eles era que órgãos de investigação já trabalhavam no caso e não havia demora em agir.