Em 2021, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um relatório, alertando aos países membros que a demência está aumentando, com previsão de que já em 2030 haverá 78 milhões de pessoas com esta doença e 139 milhões em 2050. As patologias neurodegenerativas possuem diversos fatores causadores, mesclando genética, com ambiente, estilo de vida, alimentação, sedentarismo e até a poluição ambiental.
Estas doenças retiram a capacidade de autocuidado dos indivíduos, atingindo majoritariamente idosos, que em poucos anos ficam totalmente dependentes de cuidadores, perdendo inclusive a sua memória autobibliográfica, não reconhecendo até mesmo parentes de primeiro grau.
Como proteção ao avanço das demências, há alguns anos, pesquisas apontam favoravelmente ao que foi chamado de Reserva Cognitiva (RC), por Yaakov Stern, professor de neuropsicologia da Universidade Columbia (EUA), no final de 1990. A RC pode ser descrita como processos cognitivos preexistentes dependentes de agentes genéticos e ambientais, ela possibilita um desempenho mais eficiente do sistema nervoso nos casos de patologia ou comprometimento cerebral, atenuando os efeitos do declínio neurológico, aumentando a capacidade neuronal, e de sua eficiência. Em outros termos, a RC não impede que a doença ocorra, mas possibilita que seu avanço seja mais lento e com menor comprometimento.
Para favorecermos a RC um item bem descrito é o estudo, quanto mais avança nos estudos acadêmicos (primário, secundário, terciário, e dos títulos de pós-graduação) maior é o fortalecimento da RC, bons hábitos como buscar uma alimentação balanceada, procurar aprender sobre assuntos novos, que exijam da memória e das habilidades motoras. Desenvolver e manter afetividade, relações inter e intrapessoais saudáveis. Essas ações contribuem para a reserva cognitiva, assim como a prática de exercícios físicos, para não desenvolver diabetes ou para prevenir hipertensão arterial, deve-se ter atividades de lazer.
Todos os fatores mencionados atuam de forma isolada e em conjunto para um sistema nervoso mais “forte” com maior RC, reduzindo os riscos de desenvolvimento de demência. Quanto mais cedo os bons hábitos são realizados, maior é a preservação neurológica.
Mas nunca é tarde para iniciar o desenvolvimento da RC. Devemos observar que a RC pode ser um diferencial crucial para termos na terceira idade independência, sermos capazes de autocuidado e produtivos. Portanto, vamos estudar, praticar atividades físicas, se alimentar melhor, ter e manter melhores relacionamentos?
* Viviane Oliveira de Melo é especialista em Neuroaprendizagem, Piscomotricidade, Biotecnologia e tutora dos cursos de Pós-Graduação da Uninter na área de Neurociência.