O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nessa sexta-feira (28), que a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (DF) informe, no prazo de 48 horas, se recomenda a transferência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres para um hospital penitenciário.
Na mesma decisão, Moraes pediu que seja informado se Batalhão de Aviação Operacional da Policia Militar, onde Torres está preso, tem condições de garantir a saúde do ex-ministro e ex-secretário de Segurança do DF.
A decisão foi proferida após a defesa do ex-ministro atribuir a “lapsos de memória” a entrega senhas inválidas do celular e do armazenamento em nuvem para a investigação da Polícia Federal (PF) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro.
Segundo a defesa, devido à gravidade do quadro psíquico e aos medicamentos que ele está tomando, é possível que “as senhas tenham sido fornecidas equivocadamente, dado o seu grau de comprometimento cognitivo”.
“Tendo em vista o atual estado mental do requerente, com lapsos frequentes de memória e dificuldade cognitiva, a confirmação da validade das senhas, na hodierna conjuntura, revela-se sobremaneira dificultosa, justificou a defesa.
Mais cedo, no habeas corpus que foi rejeitado pelo ministro Luís Roberto Barroso, os advogados citaram “risco de suicídio” na manutenção de Torres na prisão.
De acordo com a defesa, laudos médicos elaborados após exames feitos na prisão mostram que Torres apresenta crises de ansiedade, fala palavras sem nexo e se diz “desanimado com a manutenção de sua vida”.
Torres está preso desde 14 de janeiro. O ex-ministro é investigado no inquérito do STF que apura sua suposta omissão na contenção dos atos golpistas de 8 de janeiro. Na ocasião, ele estava à frente da Secretaria de Segurança do Distrito Federal.
Mapeamento
A Polícia Federal (PF) recebeu as planilhas de votação usadas por Anderson Torres, titular da pasta no governo Bolsonaro (PL), para atuar contra a movimentação de eleitores no 2º turno das eleições de 2022, vencidas por Lula (PT).
As planilhas mostram relações de cidades e as votações de Lula e Bolsonaro no primeiro turno. Investigadores da PF confirmaram que esses documentos são partes do inquérito, que corre sob sigilo.
A defesa dos alvos quer usar as tabelas para alegar que foi feito um levantamento de ambos os candidatos. Na PF, a avaliação de investigadores é de que essa planilha confirma que foi feita a pesquisa para saber onde os candidatos obtiveram melhor votação e, com isso, direcionaram a atuação da PRF.