Cinco médicos que atenderam Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, passista da Grande Rio que teve o antebraço amputado após uma sequência de complicações decorrentes de uma cirurgia para retirada de miomas, prestaram depoimento como testemunhas na 64ª DP (São João de Meriti). Os ouvidos chegaram à delegacia sem falar com a imprensa. Entre eles estava o cirurgião que realizou o procedimento de amputação.
Ao todo foram ouvidos cinco profissionais da área médica: três profissionais do Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense; e dois do Instituto estadual de Cardiologia Aloyzio de Castro (IECAC), no Humaitá, Zona Sul do Rio.
“Em todos foram detalhados os procedimentos adotados por cada profissional. Para os próximos passos, remeteremos todo o material ao IML para exame pericial e será novamente ouvida a vítima para trazer mais elementos aos autos”, informou o delegado Bruno Enrique Abreu, titular da 64ª DP para quem os depoimentos dos médicos são importantes para avaliar o real estado clínico da passista ao dar entrada em cada unidade e entender os motivos que levaram à decisão de amputar o membro.
Prontuários
Na quarta-feira, o delegado informou que os prontuários referentes aos procedimentos realizados durante as internações de Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, foram enviados para análise de peritos do Instituto Médico-Legal (IML).
O primeiro cirurgião que operou Alessandra prestou depoimento na terça-feira. Gustavo Machado foi ouvido na condição de testemunha e negou qualquer negligência no Hospital da Mulher. Segundo ele, a passista teve um problema vascular que levou à retirada de seu útero. O cirurgião afirmou ainda que a decisão de amputar parte do braço de Alessandra foi tomada no Instituto Aloysio de Castro.
A passista fez a operação para a retirada dos miomas no dia 3 de fevereiro deste ano, após seis meses de espera desde a detecção da necessidade de cirurgia. No fim do mesmo dia, uma hemorragia foi detectada e a equipe médica avisa sobre a necessidade de nova operação, desta vez para uma histerectomia total (retira completa do útero). Os procedimentos foram explicados pelo cirurgião em depoimento.
“Ele (o médico) está explicando o procedimento médico, como foi feita a cirurgia. Da cirurgia da retirada do mioma agravou para uma histerectomia, e teve que retirar o útero da paciente. O pós-operatório teve um agravamento na parte vascular. Identificado o problema vascular, foi encaminhada para o hospital com a especialidade nesse caso, e nesse segundo hospital é que foi feito o procedimento de retirada do membro. Então, ele não tem como explicar o porquê. A gente vai ouvir o médico do segundo hospital, para entender qual foi o quadro clínico com que ela chegou e como ele decidiu a amputação do membro”, disse o delegado da 64ª DP.
Segundo Menezes, ainda é cedo para concluir se houve imprudência ou negligência.
Além das duas unidades da rede estadual, Alessandra permaneceu por um mês, de 4 de março a 4 de abril, no Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, para tratar de uma infecção na barriga, segundo disse, resultado do primeiro atendimento no hospital da Baixada.