O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar em breve um “plano emergencial” para a reforma agrária. O anúncio foi feito durante evento organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em São Paulo.
“Esse diálogo, agora, o próximo passo dele será nossa presença na feira da reforma agrária, no mês de maio. E o presidente Lula deve anunciar o lançamento de um plano emergencial de reforma agrária no Brasil”, afirmou o ministro.
Ainda segundo Teixeira, o plano está praticamente pronto e deverá ser anunciado por Lula em maio. “Será maior do que foram os planos dos primeiros anos dos governos Lula”, disse, em referência aos mandatos anteriores do presidente, entre 2003 e 2010.
O ministro também rebateu as declarações do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que na última quinta-feira comparou as recentes invasões do MST aos ataques golpistas de 8 de janeiro.
“Não vejo nenhuma relação das ocupações do MST com 8 de janeiro; 8 de janeiro foi um ataque à democracia, uma destruição do patrimônio público, não há correlação entre ambas”, afirmou.
Na quinta-feira, o ministro Fávaro fez críticas à invasão de terras produtivas e comparou o movimento às manifestações golpistas contra as sedes dos Três Poderes. “Eu comparo, e já disse isso com muita tranquilidade, ao ato repugnante da invasão do Congresso Nacional”, disse.
CPI do MST
No último dia 26, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a criação de uma CPI do MST, que virou alvo de preocupação do governo e de parlamentares petistas. A criação da comissão foi proposta pelo deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS). Para ele, houve aumento das ocupações desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O temor de desgaste que a comissão pode trazer cresceu com a possibilidade de que o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP) seja indicado relator. As comissões parlamentares de inquérito têm poderes de investigação semelhantes às autoridades judiciais. Pode convocar autoridades, requisitar documentos e quebrar sigilos pelo voto da maioria dos integrantes.
Paralelamente, o MST também têm se articulado para tentar impedir o funcionamento da comissão.
“Os crimes de trabalho escravo, de agrotóxico que ninguém fala, de desmatamento. A CPI é para desviar o assunto, porque o que deveria ter uma CPI no Brasil é para saber quem desmatou, quem invade terra indígena, área quilombola. Eles também querem enquadrar o governo. Muito mais do ponto de vista da luta política contra o governo do que contra nós”, declarou João Pedro Stédile, um dos líderes do MST.