Pego de surpresa com a operação da Polícia Federal deflagrada na quarta-feira (3) em sua residência em Brasília, Jair Bolsonaro tem outra investigação que tem tirado seu sono: o caso que envolve o filho Carlos Bolsonaro.
Já havia chegado ao ex-presidente e à cúpula do PL, seu partido, a informação de que “está se fechando o cerco” da investigação que o Ministério Público do Rio de Janeiro conduz sobre o vereador, que comprova que existiu a prática de “rachadinha” no gabinete do filho “zero dois” na Câmara do Rio. Um eventual pedido de prisão de Carlos, inclusive, não é descartado pelos correligionários da sigla.
Jair Bolsonaro vem confidenciando ao seu círculo mais próximo de aliados a preocupação com o tema. Segundo pessoas próximas ao ex-presidente, o fato de ter sido alvo de buscas ontem aumentou sua perturbação em relação ao filho.
Carlos Bolsonaro é suspeito de ser o chefe de um esquema de peculato na Câmara Municipal do Rio, por meio de ‘rachadinha’, ou seja, a retenção ilegal de parte do salário pago a funcionários públicos ligados a ele. Seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro, já foi alvo de uma investigação sobre o mesmo crime quando foi deputado estadual fluminense, mas as provas acabaram sendo anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Laudo
Chefe de Gabinete do vereador Carlos Bolsonaro desde 2018, Jorge Luiz Fernandes recebeu um total de R$ 2,014 milhões em créditos provenientes das contas de outros seis servidores nomeados pelo filho “zero dois” do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Levantada pela equipe do Laboratório de Tecnologia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro do Ministério Público do Rio (MP-RJ), a movimentação financeira é a prova mais consistente, obtida pela 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada, na investigação sobre suspeita de rachadinha no gabinete de Carlos na Câmara Municipal.
O mesmo levantamento, autorizado pela Justiça fluminense, também demonstrou que Fernandes usou contas pessoais para pagar despesas de Carlos. A 3ª Promotoria quer saber agora, em pedido de investigações complementares ao Laboratório de Lavagem, se os pagamentos foram eventuais ou regulares. No caso da segunda situação, ficará provado que Carlos se beneficiou diretamente do desvio dos salários de seus servidores.
O laudo já produzido é suficiente para imputar o crime de peculato ao chefe de Gabinete.