14/05/2023 às 23h18min - Atualizada em 15/05/2023 às 06h02min

Mesmo com redução de impostos, não é tarefa fácil ressuscitar os carros populares, sucesso no mercado brasileiro da década de 1990

Mesmo com redução de impostos, não é tarefa fácil ressuscitar os carros populares, sucesso no mercado brasileiro da década de 1990 - Jornal O Sul

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A dificuldade – ou mesmo impossibilidade – de a maioria dos atuais trabalhadores brasileiros em adquirir um automóvel tem suscitado debates e cogitações sobre uma possível volta dos carros populares. Representantes do setor consideram que atingir esse desafio não é uma tarefa fácil, mesmo com redução de impostos.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, garante que há análises em andamento, com a participação de representantes do governo federal e de montadoras interessadas.

“Com valores ajustados, uma versão acessível poderia ser lançada hoje por cerca de R$ 80 mil”, estima, mencionando como parâmetro o célebre Wolksvagen Fusca relançado na primeira metade da década de 1990 pelo governo do então presidente Itamar Franco (1992-1994).

De qualquer forma, até agora não há qualquer certeza sobre medidas concretas para reverter os altos preços e da estagnação das vendas no mercado nacional. Segundo Leite, existe o interesse por parte das montadoras e do governo, mas as simulações ainda estão em andamento.

O governo federal já sinalizou que a intenção é buscar um modelo que custe menos do que o valor cogitado pelo dirigente da Anfavea. A faixa pensada oscila de R$ 45 mil a R$ 50 mil, bem abaixo do que custa hoje o carro mais barato do mercado, o compacto Renault Kwid (R$ 70 mil).

Preços corrigidos

Para chegar a uma estimativa do preço de um carro popular atualmente, o presidente da Anfavea apenas atualizou monetariamente o valor de 1993 para os dias atuais, com base nos índices de inflação. Mas o fato é que existem outros tipos de incentivos – ao mesmo tempo em que há uma série de aspectos como ergonomia e segurança, que no passado nem sempre eram exigidos.

Um “Fusca do Itamar”, por exemplo, não tinha sequer o espelho retrovisor do lado direito (do carona). Hoje a presença de ambos os dispositivos é obrigatória, assim como airbag e sistema ABS (sistema que evita a derrapagem quando o freio é acionado bruscamente).

Márcio de Lima Leite também aponta as questões relacionadas à perda de renda e às restrições ao crédito. Por outro lado, ele considera que o momento poderia proporcionar uma boa oportunidade para o incentivo a opções ecologicamente sintonizadas com os novos tempos, privilegiando o uso do etanol, por exemplo.

Relembre o caso do Fusca

– O carro popular decolou de vez em 1993, durante o governo de Itamar Franco. A versão ficou marcada pelo motor 1000 e pela falta de acessórios, a fim de cortar custos.

– A iniciativa foi importante para a indústria nacional, ajudou montadoras em tempos de crise e foi até usado como aliado para aquecer a economia do país;

– Vendas saltaram de 764 mil unidades em 1992 para 1,13 milhão no ano seguinte. Em 1997, atingiram recorde de vendas, com 1,94 milhão;

– Os “populares” chegaram a representar 71% de todos os veículos vendidos no Brasil em meados daquela década;

– Dentre os modelos mais icônicos do conceito estão o Uno Mille (Fiat) e o Gol (Volkswagen), ambos aposentados no fim do ano passado;

– Com o avançar dos anos, a opção foi ficando cada vez mais cara e perdeu espaço para os chamados “popular premium” (Volkswagen Polo, Fiat Argo e Chevrolet Onix, dentre outros).



Fonte: https://www.osul.com.br/mesmo-com-reducao-de-impostos-nao-e-tarefa-facil-ressuscitar-os-carros-populares-sucesso-no-mercado-brasileiro-da-decada-de-1990/

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