Candidato à presidência da República pelo PDT nas eleições de 2018 e 2022 (ambas em terceiro lugar), Ciro Gomes (PDT) não deve mais concorrer ao Palácio do Planalto. A afirmação foi feita durante palestra na Universidade de Lisboa, em Portugal. Ele também apresentou a sua versão para o fato de não ter chegado ao segundo turno no pleito mais recente.
“Eu não me sinto mais como representante de uma corrente de opinião, diferente do que acontecia antes”, avaliou o político de 65 anos, nascido em Pindamonhangaba mas criado em Fortaleza (CE). “Alguma coisa tá errada comigo, não com o povo. Mas eu vou morrer militando, então acharei outro caminho. Mas candidato eu não gostaria mais de ser. Ao menos é que o eu penso neste momento.”
Após uma carreira política que inclui deputado estadual e federal, prefeito de Fortaleza, governador do Ceará, ministro da Fazenda e da Integração Nacional, hoje Ciro não exerce cargos públicos.
Críticas a Lula e Bolsonaro
Diante de uma plateia com predomínio de acadêmicos de Direito, Ciro (que também é advogado) aproveitou a ocasião para comentar o atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar das farpas direcionadas ao líder petista (principalmente desde a eleição de 2022), o pedetista garantiu que continuará colaborando com o líder petista, de quem foi ministro no primeiro mandato presidencial (2003 a 2006): “Lula popularíssimo, merecidamente! Eu o ajudei a vida inteira, como creio ainda estar fazendo, embora de outro jeito”.
No mesmo evento, porém, Ciro Gomes disse que “falta um projeto” à atual gestão. Ele também não poupou Lula de uma série de críticas, incluindo a de que o atual chefe do Executivo federal não teria compromisso com a mudança, sendo responsável “pelo reacionarismo dominante no Brasil”.
Mencionou, ainda, a continuidade dos principais detentores de poder em âmbito nacional. “O presidente do Banco Central é o mesmo de maio do ano passado, assim como o presidente da Câmara dos Deputados e do Senado, por acordo. Que é governabilidade é essa, de contemporizar com o crime em nome de uma pseudogovernabilidade? Afinal, qual é a proposta?”, finalizou.
Ele também não poupou o ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo colocado na eleição de 2022. A manifestação foi acompanhada de uma comparação com o atual mandatário:
“Lula e Bolsonaro são pessoas muito distintas. Com o Lula eu ao menos me sento para tomar uma cerveja e dizer essas verdades todas para ele. Já com o Bolsonaro eu não saio.”