Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), orientando que despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de parentes fossem pagas em dinheiro vivo. Conforme as trocas de mensagens, Cid indica às assessoras que depositassem valores em uma conta bancária de Michelle. De acordo com a Polícia Federal, essa prática dificulta a identificação de quem enviou o dinheiro.
A comunicação entre os funcionários da Ajudância de Ordens da Presidência da República – que atendia Jair Bolsonaro e Michelle – mostra que os pagamentos dessas despesas eram feitos sempre da mesma forma: fracionada e em dinheiro vivo. O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, apresentou representação à TCU para que sejam investigados indícios de irregularidade em pagamentos que beneficiariam a ex-primeira-dama durante o governo de Bolsonaro.
O representante do MPTCU ainda solicita, caso a investigação aponte a utilização de dinheiro público, a criação de uma força-tarefa com as participações da CGU (Controladoria-Geral da União) e da Polícia Federal. O subprocurador-geral atesta que “a utilização de dinheiro vivo, per si, não é ilegal”. Todavia ele pondera que “certamente causa suspeita, ainda mais em se tratando de possíveis recursos públicos”.
Já no relatório enviado pela Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF diz ver indícios de desvio de dinheiro público, em valor ainda a ser apurado. Ano passado o ministro do STF Alexandre de Moraes autorizou a quebra do sigilo fiscal e telemático de sete pessoas para verificar possíveis irregularidades nessas transações.
A apuração começou em 2021, após a quebra de sigilo de mensagens de Mauro Cid. O tenente-coronel é investigado no inquérito sobre o vazamento de dados sigilosos – de uma investigação não concluída do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – com o objetivo de atacar o sistema eleitoral.
Mauro Cid Barbosa foi preso por suspeita de falsificar o comprovante de vacinação dele, de familiares, de Bolsonaro e da filha do ex-presidente. Os indícios para essa investigação surgiram também da quebra de sigilo das mensagens do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.