A juíza Gabriela Hardt, substituta da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), se candidatou à remoção na Operação Lava-Jato, segundo o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com sede em Porto Alegre.
Hardt é juíza substituta na 13ª Vara Federal, onde estão os processos da operação, e assumiu oficialmente desde 20 de maio, quando o juiz titular Eduardo Appio entrou de férias. Na sequência, Appio foi afastado provisoriamente da operação. Caso seja mantido afastado, é Hardt quem o substitui.
De acordo com o TRF-4, ainda não é possível afirmar se a magistrada vai conseguir se remover da 13ª, porque o processo segue em aberto até a última segunda-feira (29). Inclusive, permitindo que ela desista da inscrição já feita.
Após o encerramento dos prazos legais, o pedido de remoção será levado para o Conselho de Administração, segundo a nota do TRF-4. “Somente após julgado o feito pelo colegiado é que restará sacramentada, então, eventual remoção.”
Ainda de acordo com o tribunal, Hardt pediu remoção para Florianópolis (SC).
Antes de substituir Appio, a juíza também foi substituta do ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil) durante processos da operação. Em 2019, ela condenou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do sítio de Atibaia. A decisão foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ela também foi acusada de plagiar no processo uma sentença do agora senador.
Hardt é paranaense, tem 47 anos e cresceu em São Mateus do Sul, a 150 quilômetros de Curitiba. O pai dela trabalhava em uma unidade da Petrobras que fica na cidade.
Formada em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde o ex-juiz Sérgio Moro dava aulas, ela prestou concurso para a Justiça Federal em 2007 e foi nomeada juíza dois anos depois para uma vaga em Paranaguá, no litoral do Estado.
Em 2014, foi nomeada juíza substituta na 13ª Vara Federal e assumia os trabalhos quando o juiz Sergio Moro saía de férias.
Em uma dessas ocasiões, em maio de 2018, Gabriela Hardt mandou prender o ex-ministro José Dirceu, que na sequência conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).
Também no ano de 2018, em novembro, foi ela quem assumiu o cargo à frente da 13ª Vara Federal de forma provisória quando o atual senador deixou a magistratura para virar ministro do governo Bolsonaro.
A juíza também foi responsável por reconhecer legalidade nas palestras ministradas pelo presidente Lula às empreiteiras investigadas na operação. Ela também liberou parte dos valores de recursos e bens que estavam bloqueados.
Em 2019, a defesa de Lula citou a repetição da palavra “apartamento” como um indício de que Gabriela teria plagiado texto de Sergio Moro no processo do sítio de Atibaia. Ela negou o plágio, e alegou ser comum que os juízes federais aproveitem sentenças de colegas para não ter de começar a redigir uma decisão do zero.
Hardt afirmou que fez sentença com base na do colega, mas sozinha, e esqueceu de tirar a palavra “apartamento”. Ela frisou, contudo, que a fundamentação e os fatos narrados eram diferentes no documento por ela redigido.
Neste ano, Gabriela determinou a operação da Polícia Federal que investigava ameaças contra Moro vindas de uma facção. Nove pessoas foram presas.