A pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), o Tribunal do Júri na cidade de Triunfo (Região Carbonífera) condenou a 61 anos de prisão um homem que matou uma mulher e três dos quatro filhos dela – o outro conseguiu escapar da chacina. O crime foi cometido em 2019 no bairro Barreto, periferia da cidade.
De acordo com a promotora Marcéli Serafim Preis, os assassinatos tiveram motivação fútil. O sujeito discutiu com uma família de vizinhos com quem mantinha desavenças constantes. Durante um desentendimento mais acalorado no final da manhã de 9 de janeiro daquele ano, ele trucidou o grupo com golpes de facão.
Foram feridas fatalmente na região do tórax Valéria Pereira Borges, 28 anos, depois sua Valquíria Pereira Borges, de 30, e a mãe delas, Mirian Ribeiro Pereira, 52. Após esse triplo homicídio, o homem correu atrás de João Paulo Pereira Borges, 21 anos e também filho de Miriam – alcançado na porta de casa, o rapaz morreu da mesma forma.
A chacina só não foi ainda maior porque outro membro da família, de 19 anos, conseguiu entrar em casa a tempo de trancar a porta, impedindo a entrada do executor. Dentro da casa do jovem também estavam uma criança de 5 anos, uma adolescente de 12 e um jovem de 19, que sofreram forte abalo psicológico mas não se feriram.
O vizinho acabou deixando o local e permaneceu foragido por três dias. Acabou capturado na casa de parentes em Montenegro (Vale do Caí) e recolhido ao sistema prisional, onde permanece desde então.
Os jurados consideraram o réu (hoje com 48 anos) culpado por quatro crimes de homicídio duplamente qualificado, devido aos agravantes de motivo fútil e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas. Antes do episódio, ele – que trabalhava como cortador de mato – já possuía antecedentes por ameaça e atentado violento ao pudor.
Duplo homicídio em empresa
A mesma cidade foi cenário de outro crime que chocou a comunidade local, no dia 28 de junho deste ano. Após discussão na empresa onde trabalhava, um cozinheiro de 39 anos matou a tiros o seu patrão e o filho dele, em uma operadora de rádio-táxi na localidade de Passo Raso.
As vítimas foram Nelson Ferreira, 61 anos, e Anderson Ferreira, de 36. O incidente teve como motivo uma reprimenda do dono do estabelecimento à esposa do funcionário, que havia ordenhado sem autorização uma vaca da propriedade onde funciona a empresa.
Assim que ouviu o relato de sua mulher, o cozinheiro foi até o proprietário para cobrar explicações. Houve bate-boca, troca de agressões e tentativa do filho do patrão em apaziguar os ânimos. Mas o empregado pegou um revólver em seu carro e disparou diversas vezes contra Nelson e Anderson no refeitório.
Gravemente feridas, as vítimas chegaram a receber atendimento médico no estabelecimento, próximo a uma rodovia. Mas acabaram falecendo em um hospital de Montenegro (Vale do Caí).
O duplo homicida residia com sua família (dois filhos menores de idade e a mulher que foi pivô da discussão) em uma casa cedida nos fundos do estabelecimento. Ele também mantinha relação antiga de amizade com o dono da empresa. Também não há relato de brigas anteriores entre ambos.
Na ocasião do crime, o cozinheiro respondia a processo em regime semiaberto de prisão pela prática de outros crimes, tendo retirado a tornozeleira eletrônica durante a fuga. Considerado foragido, ele acabou se entregando em 1º de julho, três dias após cometer os assassinatos.
(Marcello Campos)