O Congresso do Peru negou nesta quinta-feira, 4, ao presidente Pedro Castillo permissão para viajar a Bogotá, capital da Colômbia, onde planejava comparecer no próximo domingo, 7, à cerimônia de posse do presidente eleito do país, Gustavo Petro, e sua vice Francia Márquez. No total, 67 deputados votaram contra a permissão a Castillo, 42 deputados votaram a favor e houve cinco abstenções, razão pela qual o Congresso negou o aval que os presidentes peruanos devem obter da Câmara para qualquer viagem ao exterior. Ao falar em plenário, os deputados usaram diferentes argumentos para negar a autorização; alguns afirmaram que havia risco de fuga, já que o Ministério Público está investigando Castillo por vários casos de possível corrupção, enquanto outros alegaram que há “uma crise presidencial sem precedentes”. “Acho que, neste momento, o presidente deveria enviar [para a Colômbia] sua vice-presidente ou o chanceler, mas acredito que o presidente deveria estar aqui, mostrar a cara e explicar os atos em que está envolvido”, disse a ex-presidente do Congresso, María del Carmen Alva, do partido de direita Ação Popular. Por sua vez, o deputado Juan Carlos Martin Lizarzaburu, do fujimorista Força Popular, afirmou que Castillo “vai querer fugir” se for para a Colômbia, razão pela qual pediu que “envie o chanceler e fique para assumir sua responsabilidade”.
Por sua parte, Katy Ugarte, do partido Peru Livre, com o qual Castillo chegou à presidência, declarou que o chefe de Estado peruano “vem colaborando com as investigações” e frisou que “ele jamais fugiria do país”. “Peço aos meus colegas que não se deixem levar pelo ódio ou pelas teorias irracionais”, argumentou, mas não teve sucesso. Nesta sexta-feira, 5, Castillo declarou à procuradora-geral da República, Patricia Benavides, que não faz parte de “nenhuma rede criminosa” e que provará sua inocência porque não roubou nem matou ninguém, segundo comentou à imprensa após ser interrogado por um dos casos de suposta corrupção aos quais responde.
De acordo com a denúncia apresentada ao Ministério Público, Castillo é suspeito de ter concedido promoções a dois militares do Exército, três da Força Aérea e dois agentes da Polícia Nacional de forma irregular e com a participação do ex-ministro da Defesa, Walter Ayala, e do ex-secretário presidencial Bruno Pacheco, que também está envolvido em outros casos contra o presidente. Bruno Pacheco se entregou à Justiça em julho, após vários meses em fuga, e se ofereceu para colaborar com o Ministério Público nas investigações abertas contra Castillo, que incluem o crime de organização criminosa, entre outros. O chefe de Estado, que completou seu primeiro ano de mandato em 28 de julho, está sendo investigado por supostas irregularidades na licitação da construção da ponte de Tarata, na compra de biodiesel, no suposto plágio da sua tese de mestrado, nas promoções de militares e na suposta obstrução da busca e captura do ex-ministro Juan Silva e do seu sobrinho Fray Vásquez, que estão envolvidos nestes casos.
*Com informações da EFE