O presidente do Chile, Gabriel Boric, pediu “unidade” neste sábado, 21, duas semanas antes de os chilenos aprovarem ou rejeitarem a proposta de uma nova Constituição nas urnas, em uma das votações mais cruciais e polarizadas desde o fim da ditadura. O compromisso do libertador Bernardo O’Higgins “de trabalhar incansavelmente pelo país, pela unidade do país, é algo que temos que resgatar neste momento em que há divisão”, declarou o presidente no sul, na comemoração do nascimento daquele que é considerado um dos “pais da nação”. “É na unidade do Chile que sai o melhor das chilenas e dos chilenos e o melhor do nosso país”, acrescentou Boric. Mais de 15 milhões de chilenos estão convocados às urnas em 4 de setembro para decidir se querem aprovar a nova Constituição ou manter a atual, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e parcialmente reformada na democracia.
As últimas pesquisas, publicadas na quinta-feira, 18, quando começou a proibição de divulgação de sondagens, revelaram que a tendência de rejeição ao texto continua, com uma diferença de mais de 10 pontos. Desta vez o voto é obrigatório, ao contrário do plebiscito de outubro de 2020, quando foi voluntário e a opção de elaborar uma nova constituição venceu por quase 80%. Analistas alertam que há uma bolsa imprevisível de eleitores, que não vão às urnas desde 2012, quando o voto se tornou voluntário.
A direita e parte da centro-esquerda votarão contra a mudança da Constituição por considerar o novo texto “radical”, enquanto a esquerda fazer campanha a favor, embora tenha prometido chegar a um grande pacto para reformar os aspectos mais conflituosos, em negociações lideradas pelo próprio Boric. Antes de participar do aniversário de O’Higgins, o presidente chileno concedeu uma entrevista à “Rádio Macarena” em Chillán, a 370 quilômetros da capital, e reiterou seu compromisso de “reformar” o novo texto caso seja aprovado. “Vou considerar com humildade. Não pode haver vencedores e perdedores”, assegurou. A proposta de nova Carta Magna declara o Chile um Estado social de direito, em relação ao Estado secundário do texto atual, e consagra direitos como saúde pública e universal, educação gratuita, melhores aposentadorias e acesso à moradia e água.O caráter plurinacional do Estado, a reeleição presidencial, o sistema de justiça e a eliminação do Senado são alguns dos temas incluídos no texto que geram mais polêmica.
*Com informações da EFE