Após a tentativa de assassinato da vice-presidente Cristina Kirchner na noite da última quinta-feira, em que a política teve uma arma de fogo apontada para seu rosto e o disparo falhou, a Argentina registrou uma tarde de manifestações organizados por partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos locais. Os organizadores passaram a se reunir na Praça de Maio – principal praça, no centro da capital Buenos Aires – ao meio dia. No local, a professora aposentada de 61 anos, Adriana Spina, afirmou que iria aos protestos “em primeiro lugar para apoiar a democracia, em segundo, em apoio a Cristina e em terceiro, para tentar alertar os argentinos para que não sigam este caminho”. Milhares de manifestantes tomaram as ruas pois o presidente Alberto Fernández decretou feriado nacional nesta sexta e muitos gritos de ordem foram registrados, como “aqui não desistimos”, “nunca mais” e “sempre com Cristina”.
Líderes e políticos argentinos manifestaram repúdio ao ato, com a exceção do líder de direita Javier Milei, que manteve-se em silêncio desde a tentativa de assassinato. Axel Kiillof, governador da província de Buenos Aires, esteve no ato que tomou parte da região central e atrelou o acontecimento ao pedido de prisão da vice-presidente, solicitado por procuradores do Ministério Público da Argentina após acusarem a ex-presidente de corrupção e sua condenação por 12 anos de reclusão e a expulsão vitalícia de disputa de cargos públicos. “Não posso deixar de associar [o ataque] ao que ouvimos de um expoente do Judiciário que também busca expulsá-la da vida política proibindo-a de participar como candidata”, bradou. O atual chefe do Executivo federal argentino e comandante da Casa Rosada realizou um discurso em rede nacional onde pediu a recuperação da convivência democrática, já que a violência e a democracia não coexistem. “Que o choque, horror e repúdio que este evento gera em nós se torne um compromisso permanente para erradicar o ódio e a violência da vida em democracia”, pontuou.
*Contém informações da AFP